Aos 59 anos de idade, morreu na noite de ontem no Hospital Memorial São Francisco em João Pessoa o jornalista Adelson Barbosa, que se destacou na militância com atuação, por décadas, no Sistema Correio de Comunicação, escrevendo matérias de repercussão nacional no jornal “Correio da Paraíba”, que foi fechado recentemente. Natural de João Pessoa, repórter versado em “furos” de impacto e editor de Política experiente, Adelson havia sido diagnosticado com câncer no cérebro em 2018 e desde então vinha se submetendo a tratamento que incluiu duas cirurgias. Segundo relato de amigos e familiares, há cerca de duas semanas foi mantido em home care e, diante do agravamento do quadro, foi encaminhado ao Hospital Memorial São Francisco, onde faleceu durante parada cardiorrespiratória.
Adelson Barbosa pontificou, sobretudo, na cobertura política, com textos sobre bastidores de episódios do cenário paraibano e reconstituição histórica de fatos que marcaram época na vida do Estado. Na cobertura do dia a dia, era infatigável na missão de “garimpar” notícias em primeira mão, valendo-se da sua sensibilidade peculiar e do trânsito junto a um sem número de fontes privilegiadas em outros setores, como o Judiciário e a Igreja. Foi repórter “free lance” de jornais do Sul do País como “Folha de São Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”, havendo situações em que produzia textos diferentes sobre um mesmo assunto para veículos concorrentes. Era disciplinado e dedicado no cumprimento de pautas jornalísticas, conforme depoimentos de colegas que com ele trabalharam ou que o conheceram.
Atuou, também, ultimamente, na revista “Piauí”e era diretor-proprietário do site “Estado PB”. Oriundo de família humilde, Adelson Barbosa dos Santos contava que a mãe morava na Ilha do Bispo, em João Pessoa, e foi levada para a maternidade, no seu parto, em uma marinete. O parto teria acontecido em frente à Lagoa do Parque Solon de Lucena. Mãe e filho foram levados para a Maternidade Cândida Vargas, mas ele foi criado na cidade de Patos, na região das Espinharas, onde chegou a atuar como agente pastoral na década de 80 e integrar as comunidades eclesiais de base, ministrando aulas de catecismo para crianças. Fez vestibular para jornalismo e foi aprovado, mas achava que se tornar jornalista parecia um sonho distante. Residiu na Casa do Estudante em João Pessoa e conseguiu espaço na imprensa local, tornando-se um profissional respeitado entre os colegas e junto ao público leitor.
O velório de Adelson Barbosa, de acordo com familiares, foi programado para a manhã de hoje no cemitério Parque das Acácias, seguido de sepultamento. Os baixos salários pagos por empresas de comunicação e a necessidade de sobrevivência fizeram com que Adelson fosse assessor de imprensa de instituições e de gabinetes parlamentares, paulatinamente ao desempenho das atividades em jornais ou outros veículos do segmento. Fez coberturas de visitas de autoridades ilustres, inclusive presidentes da República, à Paraíba. O deputado federal Frei Anastácio Ribeiro, do Partido dos Trabalhadores, declarou que Adelson Barbosa deixa uma grande lacuna no jornalismo paraibano e descreveu-o como jornalista sensível às causas sociais. ”Ele contribuiu muito na divulgação das lutas da Comissão Pastoral da Terra; esteve sempre atento aos problemas enfrentados pelos trabalhadores rurais, ajudando com a divulgação”, frisou.
Sindicato dos Jornalistas emite nota
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba e a Vice- regional da Nordeste I vêm, através desta nota, lamentar, com profundo pesar, a morte do jornalista Adelson Barbosa no Hospital Memorial São Francisco, durante o início da noite deste sábado (27). A causa da morte foi parada cardiorrespiratória, provocada por um câncer no cérebro, que foi diagnosticado no ano de 2018. O jornalismo paraibano sofre com a perda do experiente colega de profissão.
Adelson atuou em vários veículos de comunicação do Estado da Paraíba, onde assumiu as funções de repórter e editor de páginas, se notabilizado no extinto Jornal Correio da Paraíba, onde trabalhou por décadas e assumiu a editoria de Política.
Além disso, foi correspondente de grandes jornais nacionais, entre eles a Folha de São Paulo. Era proprietário do site Estado PB e trabalhou, ainda, no Jornal Gazeta Mercantil do Estado de Pernambuco e na Revista Piauí. Sempre ativo, admirado e muito querido pelos colegas das redações, ainda arranjava tempo para cursar História na Universidade Federal da Paraíba, sendo interrompido quando foi acometido pela doença.
O corpo será velado no Parque das Acácias, das 6h até as 10h da manhã.
A diretoria do Sindicato dos Jornalistas PB se solidariza com a dor e o sofrimento de seus familiares e amigos, cujo sentimento também é o nosso.