Nonato Guedes
A população de Itabaiana está de luto com a notícia da morte da ex-prefeita e ex-deputada estadual Eurídice Moreira da Silva, conhecida como Dona Dida, aos 81 anos, na madrugada de hoje no Hospital Memorial São Francisco em João Pessoa, onde estava internada há 50 dias. A causa mortis oficial foi atribuída à Covid-19. Desde criança, Eurídice Moreira sofria de problemas respiratórios e na última internação chegou a ser levada três vezes para a UTI, tendo sido entubada. Submeteu-se ao teste de Covid-19, que havia dado negativo mas na semana passada testou positivo para o coronavírus.
Figura bastante querida pela população pobre de Itabaiana, que governou duas vezes, Dona Dida está sendo homenageada na cidade com faixas pretas colocadas nas portas de habitantes que se confessam seus admiradores. O marido Aglair Silva, já falecido, também foi prefeito de Itabaiana, e o filho José Sinval é atual vice-prefeito, tendo sido vereador por quatro anos em João Pessoa. Eurídice Moreira era natural de Maceió, Alagoas, e o sepultamento está previsto para a manhã de hoje no cemitério Parque das Acácias, no José Américo, em cerimônia restrita a parentes e amigos mais próximos.
O período administrativo que ela exerceu em Itabaiana foi entre 2004 e 2012. Foi igualmente presidente da Fundac e teve atuação destacada na Assembleia Legislativa em prol dos interesses do município, da região, e de causas municipalistas. Em depoimento que concedeu para autoras de um livro sobre a participação das mulheres na política paraibana, Eurídice Moreira contou que passou a infância em Ingá e desde muito cedo era convidada pelos chefes políticos para discursar nos comícios. Era chamada de Dida pelo marido e seus eleitores adotaram o apelido, desde o tempo em que trabalhava nas campanhas dele a prefeito de Itabaiana na década de 1970. Ocupou-se com o trabalho social de assistência à pobreza, ajudando a eleger o marido e depois atuando como primeira-dama da cidade. “Meu marido era cirurgião e tinha um coração muito bom, era uma pessoa que sempre pensou em ajudar o próximo”, afirmou em entrevista a Glória Rabay e Maria Eulina Pessoa de Carvalho.
Aglair Silva foi eleito em 1976 mas a prefeita era Dona Dida, por ter assumido grande parte das responsabilidades com a edilidade até 1982, quando foi concluído o mandato. Era ela que ia para Brasília a fim de conseguir a liberação de recursos para obras de importância social na cidade de Itabaiana. Despontando como futura sucessora do marido, com um potencial eleitoral mais forte que o de Aglair, ela estava, porém, legalmente, impedida de se candidatar. Mas foi candidata e foi eleita. “O pior é que não assumi; foi uma história muito complicada”, depôs, referindo-se à saga jurídica enfrentada para fazer frente a provocações de adversários. Para conseguir registrar a candidatura e fugir da inelegibilidade de parentes e familiares na sucessão dos cargos executivos, prevista em lei em 1982, Dona Dida oficializou uma separação com anuência e aprovação do marido. Depois de acompanhar o marido e de três campanhas próprias para a prefeitura, Dona Dida ressalta que a eleição de deputada estadual tornou-se uma consequência natural. Foi assim que ela se candidatou em 1994, e foi eleita. “Eu acho o seguinte: tudo o que você faz por amor, procura fazer bem”. Esse era um dos seus mantras.