Nonato Guedes
Equipes da prefeitura municipal de João Pessoa estão ultimando os preparativos para a volta, amanhã, do transporte coletivo com a reabertura do Terminal de Integração do Varadouro, adaptado com protocolos rigorosos para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. As medidas restritivas incluem o funcionamento de apenas 60% da frota, de segunda-feira a sábado, não estando programada a circulação de ônibus em domingos e feriados. O sistema está paralisado desde 21 de março e a previsão é de disponibilização de pelo menos 250 ônibus, o que deve atender a um público estimado de 80 mil usuários.
As autoridades da administração Luciano Cartaxo têm feito seguidos apelos à população para que obedeça as normas restritivas e as recomendações expressas de uso de máscaras, higienização das mãos e cumprimento do distanciamento social. Nesse sentido, ainda ontem, agentes da Semob e Sedurb encarregados da fiscalização do transporte coletivo trabalharam nas marcações do piso do Terminal e em cadeiras para orientar o distanciamento adequado entre as pessoas, além de massificar avisos educativos. O Terminal passou por ações de higienização e sanitização executadas por equipes da Defesa Civil Municipal e recebeu pias portáteis para facilitar a lavagem das mãos. Os ônibus vão circular das 6h às 19h com 40 linhas que vão cobrir toda a cidade. A orientação repassada pela prefeitura é que seja feito o pagamento pelo cartão Passe Legal, reduzindo o contato entre passageiros e profissionais.
Entrevistas de ruas realizadas, ontem, pela TV Cabo Branco, afiliada da Globo, mostraram que as opiniões estão divididas entre os próprios usuários do sistema de transporte coletivo, com algumas pessoas demonstrando receio quanto ao risco de descontrole e, na sequência, de recidiva do contágio pelo coronavírus e outras apostando numa tomada de consciência, na volta, para preservar a saúde de todos. O secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, em declarações nas últimas horas, não escondeu sua preocupação com o processo de flexibilização do isolamento social na Paraíba nesta segunda etapa, conforme o calendário programado pelo governo do Estado.
Para Geraldo Medeiros, é preciso que prevaleça a conscientização das pessoas sobre a necessidade de evitar-se uma “explosão” com quebra de protocolos e de regras de isolamento. Alertou que não é possível fazer uma flexibilização “atabalhoada” e mencionou exemplos de cidades que voltaram atrás na reabertura do comércio depois de alta da incidência de mortes e de casos de contaminação. Textualmente, advertiu Geraldo Medeiros: “Estamos iniciando na Paraíba um processo lento e gradual e não há espaço para atropelamento e flexibilização descontrolada”. Lembrou que os resultados dos esforços da Secretaria de Saúde colocaram a Paraíba com bons índices no combate à doença causada pelo novo coronavírus.
– Todo esse controle, cautela e cuidado que a Secretaria de Saúde da Paraíba tem tido ao longo de 100 dias é com o objetivo de preservar a vida dos paraibanos. Por isso, a Paraíba é hoje o Estado do Nordeste com menor ocupação de leitos, menor taxa de letalidade e um dos Estados com maior percentual de testagem para coronavírus. No contexto geral, é preciso ter em conta os exemplos de Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, interior de São Paulo e Rio Grande do Sul, em que as pessoas abriram rapidamente o comércio, bares e restaurantes, produziram aglomerações e estão tendo avalanche de casos novos e mortes”. As advertências têm sido endossadas pelo secretário de Saúde da prefeitura de João Pessoa, Adalberto Fulgêncio, que se referiu a todo o esforço empreendido pela gestão Luciano Cartaxo e à preocupação para que o trabalho “não tenha sido em vão”.