Nonato Guedes
Pelas projeções do governador João Azevêdo, o “Cidadania”, partido a que é filiado, deverá ter candidatos a prefeito ou vice em pelo menos 170 dos 223 municípios do Estado nas eleições reprogramadas para novembro em dois turnos pelo Tribunal Superior Eleitoral, devido à pandemia do coronavírus. Em declarações feitas a uma emissora de rádio da Capital, Azevêdo admitiu que o “Cidadania” tem promovido reuniões em caráter preliminar, deflagrando o debate sobre as eleições 2020. Prognosticou que em breve as discussões serão retomadas, dentro das limitações impostas pelas medidas sanitárias pro causa da pandemia.
A avaliação pessoal de Azevêdo é que, apesar de pouco tempo de estruturação no Estado, por fatores logísticos, o “Cidadania” avançou em termos de crescimento e identifica possibilidades de presença importante nas eleições, com candidaturas em diferentes municípios. O chefe do Executivo não entrou em detalhes sobre o cenário eleitoral em João Pessoa, onde lideranças do seu esquema defendem candidatura própria. O presidente do diretório municipal é o vereador Bruno Farias, que é mencionado como possível alternativa para concorrer à sucessão do prefeito Luciano Cartaxo. João Azevêdo demonstrou que está atento à necessidade e viabilidade de composições com outros partidos e esquemas para reforçar chapas que disputarão eleições em centros influentes do Estado.
Até a campanha de 2018, quando concorreu ao governo do Estado pelo PSB com o apoio do então governador Ricardo Coutinho, de quem era aliado, João Azevêdo era tratado como um neófito em política, pelo fato de, até então, não ter disputado nenhum mandato eletivo. Acabou surpreendendo os meios políticos e analistas da mídia quando conseguiu vitoriar em primeiro turno na corrida pelo Palácio da Redenção, vencendo adversários como o senador José Maranhão (MDB) e Lucélio Cartaxo (PV), irmão gêmeo do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que teve como vice a doutora Micheline Rodrigues, mulher do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues. A influência de Ricardo Coutinho para a eleição de Azevêdo foi considerada decisiva para o resultado nas urnas, mas logo eclodiram divergências entre ambos que culminaram com a desfiliação de João dos quadros do PSB.
O atual governador e seu grupo se sentiram praticamente “expulsos” do PSB graças a manobras empreendidas por Ricardo Coutinho junto à cúpula nacional do Partido Socialista Brasileiro. João Azevêdo queixou-se que foi colhido de surpresa com a destituição do diretório regional da legenda, que era presidido por Edivaldo Rosas, por ele nomeado secretário de Governo já na sua gestão. Ricardo e seus discípulos passaram a “queimar” o comando de Edivaldo Rosas, insinuando que ele teria de optar pela secretaria ou pela direção partidária. Quase concomitantemente, com o aval da direção nacional, houve uma espécie de intervenção no diretório, com destituição dos quadros dirigentes. Ricardo passou a ter o controle absoluto da legenda no Estado e Azevêdo, com seus aliados, resolveram migrar para outra legenda. Após examinar convites e ofertas de filiação, o governador optou por ingressar no “Cidadania”, onde se submeterá ao primeiro teste eleitoral já no papel de chefe do executivo, nas eleições municipais.