Nonato Guedes
A adoção de medidas sanitárias preventivas como forma de possibilitar a retomada total das atividades industriais, poupando seus colaboradores da contaminação pelo novo coronavírus, foi foco de debate em audiência pública realizada ontem pela Assembleia Legislativa da Paraíba. A audiência aconteceu por meio de videoconferência, sendo presidida pelo deputado Anísio Maia (PT) e contando também com a participação do deputado Rubens (Buba) Germano, do PSB. Foi sugerida, na ocasião, a elaboração de um relatório sobre as medidas de prevenção para retomada das atividades nas indústrias e a criação de um comitê do setor para analisar a implantação dessas iniciativas.
Preocupado com o retorno das atividades na indústria, o deputado Anísio Maia destacou a necessidade de fixação das medidas, tendo como base dados científicos, para que o setor industrial possa, pós-pandemia, retomar sua atividade proporcionando prevenção e segurança à saúde de seus colaboradores e da população contra a contaminação pela covid-19. Anísio observou: “Temos assistido a grandes debates, mas, também, a muitas controvérsias e polêmicas, além de medidas que têm acarretado prejuízos sanitários”. Ele argumentou que é preciso ouvir especialistas e, desta forma, apontar medidas eficazes respaldadas na ciência, sem o cometimento de exageros. “Convidamos especialistas, sindicalistas, para que tenhamos orientações baseadas em critérios técnicos e estatísticos. Somente assim a Assembleia poderá orientar melhor a sociedade”, adiantou.
Anísio apresentou estudos e pesquisas divulgadas pelo Consórcio Nordeste e pela Organização Mundial de Saúde, algumas delas efetuadas pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, onde são estabelecidos parâmetros necessários para o acompanhamento de cada região e para a adoção de medidas de retomada da economia. Pelos dados do Consórcio Nordeste, a região ainda não estaria pronta para flexibilizar medidas de distanciamento social. Dos 17 parâmetros criados pelas autoridades sanitárias para serem levados em conta nas medidas de flexibilização o Nordeste não consegue completar nem ao menos cinco. Isto levou Anísio Maia a alertar que a flexibilização é temerária. Citou recomendação da instituição inglesa quanto à necessidade de testagem em massa, rastreamento adequado da doença, informação transparente, distanciamento social e redução da contaminação.
– Presenciamos pessoas que sequer sabem manusear a máscara, enquanto que outros acham que o coronavírus é uma coisa à toa. Não houve uma campanha forte o suficiente para convencer a população sobre os cuidados necessários – cobrou Anísio. Já o deputado Buba Germano, presidente da Comissão Especial de Acompanhamento e Fiscalização dos Entes Federativos em Estado de Calamidade Pública da Assembleia, apresentou relatório com informações epidemiológicas das 14 regiões do Estado diante da crise. A avaliação feita no dia 31 de junho demonstra que houve queda no número de casos na Grande João Pessoa e um acréscimo na região de Campina Grande – revelou Buba, pontuando: “Infelizmente ainda estamos numa onda crescente de casos e ainda não atingimos o pico da doença”.
Na opinião do deputado, o papel da Assembleia Legislativa, a partir de agora, é o de discutir a retomada da economia para proteger as empresas, o emprego e, sobretudo, a classe trabalhadora. Informou que em todo o Estado já foram fechadas 18.700 mil vagas de emprego, o que configura uma situação bastante preocupante. O secretário-chefe da Controladoria Geral do Estado, Letácio Júnior, representando o governo do Estado, lembrou que o plano de retomada da economia na Paraíba foi construído com base em indicadores utilizados mundialmente, avaliando cada cidade paraibana. “Pelo comportamento atual, estamos refletindo de forma adequada em cada município, permitindo a flexibilização de atividades em cada local. O governo tem dialogado com cada setor de produção, comércio e serviço com vistas à elaboração de protocolos tendo como focos o distanciamento social, a higiene social e a prevenção de aglomerações. O cidadão vai ter que se adaptar a essa realidade. A economia vai voltar, mas isso será feito de forma muito responsável”, argumentou ele.