Nonato Guedes, com agências
Além da fragmentação da oposição ao governo Bolsonaro, o cenário a quatro meses das eleições municipais aponta para um isolamento do Partido dos Trabalhadores. De acordo com levantamento feito –pelo “Globo”, o principal partido de esquerda caminha para disputar as urnas sozinho em pelo menos metade das 26 Capitais do país (Brasília não tem pleito municipal). O panorama inclui Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. A direção petista busca viabilizar o maior número possível de candidaturas próprias nas Capitais, mas enfrenta resistência de outras legendas de esquerda. Em vários casos, o PT também não está disposto a abrir mão da cabeça de chapa, o que dificulta as conversas.
O isolamento eleitoral petista provoca receios em dirigentes e é também resultado da estratégia adotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde que deixou a prisão em novembro do ano passado. Lula decidiu que o partido não abriria mão de candidaturas próprias nas principais cidades. Essa postura e o firme sentimento antipetista no eleitorado acabam afugentando potenciais aliados. Na centro-esquerda, as conversas para alianças estão paradas em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Fortaleza. Em João Pessoa, o PT não avançou no rumo das articulações para coligação na chapa majoritária.
Os petistas em João Pessoa optaram pelo lançamento de candidatura própria a prefeito, recaindo a pré-escolha no nome do deputado estadual em exercício Anísio Maia, que nas eleições de 2018 ficou numa suplência e já presidiu o partido no Estado. O nome de Anísio foi anunciado por Giucélia Figueiredo, presidente do diretório municipal na Capital, com a informação de que houve praticamente unanimidade no referendo da pré-candidatura. A decisão de optar por candidatura própria foi justificada como obediência a uma orientação da cúpula nacional, presidida pela deputada Gleisi Hoffmann, com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Havia a expectativa entre líderes petistas de aliança do PSB do ex-governador Ricardo Coutinho com o PT na disputa em João Pessoa. Alguns petistas chegaram a defender, inclusive, apoio a uma eventual candidatura de Ricardo à prefeitura, que ele já ocupou por dois mandatos. Ultimamente, Coutinho – que usa tornozeleira eletrônica e é investigado na Operação Calvário – tem incentivado o balão de ensaio da candidatura de sua atual esposa, a ex-secretária Amanda Rodrigues, como candidata do PSB, sem sinalizar alianças. Amanda tem feito “lives” semanais, por meio de redes sociais, para abordar temas variados e, também, como estratégia para massificar sua imagem perante o eleitorado, já que nunca disputou mandatos eletivos. O PT paraibano, embora tenha forte aproximação com Ricardo Coutinho, participa do governo João Azevêdo (Cidadania), no exercício de secretarias, com figuras como o ex-deputado federal Luiz Couto, que em 2018 tentou se eleger candidato ao Senado, não logrando êxito. Até o momento, a direção petista estadual não anunciou outras definições sobre candidaturas no resto da Paraíba.