Nonato Guedes, com agências
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), cotado para concorrer à eleição presidencial de 2022, afirmou que é preciso avaliar os impactos das novas regras do sistema partidário após as eleições municipais deste ano e acrescentou que enxerga como caminho possível uma aliança que inclua até fusão ou incorporação de seu partido pelo PSB. Em entrevista à CNN Brasil, Dino respondeu a questionamento sobre possibilidade de sair candidato à Presidência pelo PSB em 2022.
– O PCdoB tem uma relação muito próxima com o PSB. A nossa presidente nacional é vice-governadora de Pernambuco em aliança como PSB e também temos aliança em Recife. Desde o berço temos essa aliança. Diálogo é muito bom para o país. Eu era muito amigo do Eduardo Campos (ex-governador de Pernambuco, que faleceu em desastre aéreo em São Paulo). Mas nunca houve intenção unilateral, minha, de sair do PCdoB para ser candidato a presidente pelo PSB. Entretanto, uma aproximação, uma aliança, uma incorporação, é um caminho – ressaltou o governador maranhense. Para Dino, as novas regras, como cláusula de barreira e fim das coligações proporcionais devem alterar o cenário político depois das eleições municipais deste ano.
Ele enfatizou: “Temos que esperar o próximo ano, que é uma definição partidária no país. Nós vamos ter um redesenho inevitável tendo em vista que as novas regras de cláusula de barreira e fim das coligações proporcionais levarão a muitas fusões. Não agora, porque cada partido vai enfrentar a disputa municipal com sua tática eleitoral”. Flávio Dino citou como exemplo uma fusão recente na qual o PCdoB incorporou outra legenda menor, o PPL. “É uma tendência do sistema partidário. Nós temos 30 partidos, vamos cair para 10,12, mais ou menos, no próximo ano. Vão haver muitas incorporações, fusões, tanto na esquerda quanto na direita. Não significa que o PCdoB vá deixar de existir. Mas, como legenda eleitoral, você pode ter as chamadas federações partidárias, como nós fizemos na prática essa federação PCdoB-PPL”.
No grupo dos governadores nordestinos, o governador do Maranhão destaca-se pela postura de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao seu governo. Num desabafo que chegou a fazer, em reunião ministerial, contra gestores nordestinos, Bolsonaro chegou a dizer: “Desses governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão”. Ele reafirmou as críticas em outras oportunidades e atritou-se com Flávio Dino em meio ao debate sobre responsabilidades dos Estados e da União no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. Da parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dino é considerado como “um interlocutor importante” no segmento de esquerda e na frente de oposição a Bolsonaro.