Nonato Guedes
Ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central de todas as administrações do governo federal após a redemocratização e anteriores a Jair Bolsonaro divulgaram uma carta em defesa do meio ambiente, com reivindicações como a de um modelo de desenvolvimento econômico baseado em uma baixa emissão de carbono. Entre os signatários do documento estão o economista paraibano Maílson da Nóbrega, que foi ministro da Fazenda no governo do presidente José Sarney, bem como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan, Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Henrique Meirelles e os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Persio Arida, Ilan Goldfajn e Gustavo Loyola.
Um trecho do documento enfatiza: “A recuperação da economia pós-covid-19 oferece oportunidade importante para promover a economia de baixo carbono e sustentável, em um momento em que o mundo atravessa importantes e rápidas transformações nos mercados de capital e de trabalho”. Outras metas estabelecidas são: zerar o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, aumentar a resiliência climática e impulsionar pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. A ação acontece em meio ao crescimento da desconfiança de investidores estrangeiros sobre a gestão ambiental no Brasil durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
Na segunda-feira, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, demitiu uma coordenadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após divulgação de dados sobre desmatamento no país. Uma ação similar aconteceu em julho de 2019, quando Pontes demitiu Ricardo Galvão da presidência do Inpe. A carta dos ex-ministros sugere que seja impulsionadas as pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias. O argumento é de que a pesquisa científica e a aplicação de novas tecnologias que propiciem soluções e promovam modelos de negócios de baixo carbono são ingredientes importantes para aumentar a produtividade e competitividade da economia brasileira, “sobretudo num contexto de crescente digitalização da economia global”.