Nonato Guedes, com agências
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro assegura, de forma enfática, que o general Eduardo Pazuello permanece no comando do ministério da Saúde, com isto desmentindo especulações sobre “fritura” do militar, que enfrenta críticas sobre a atuação da Pasta no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reagiu, ontem, durante evento da XP Investimentos a especulações sobre sua permanência no governo, asseverando: “Eu só saio abatido à bala, removido à força. Eu tenho uma missão a cumprir”. O novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, finalmente tomou posse no cargo.
De acordo com Guedes, há uma agenda de reformas com a qual o presidente se comprometeu na campanha eleitoral de 2018. “Enquanto houver essa agenda a ser perseguida, eu estou aqui”. O ministro comentou, porém, que se o presidente desistir dessa agenda ou se o Congresso Nacional interditá-la, ele não tem o que fazer. “Aí eu tenho que ir embora para casa”. Guedes voltou a repetir que pretende promover três ou quatro grandes privatizações nos próximos três meses, sem especificar quais. Ponderou que o processo não depende só dele. “O processo político trava e dizem que o ministro prometeu e não fez”, desabafou.
Ele comparou ainda: “Fizeram o teto e não as paredes”, criticando a indexação das despesas, como as remunerações dos servidores, e defendeu a desvinculação dos recursos e o controle de gastos. “Não queremos furar o teto, preferimos quebrar o piso”, respondeu, valendo-se de metáfora. E emendou: “Como vamos sair da crise cavando buraco fiscal?”. Ontem, em Brasília, o professor e ex-vice-reitor da Mackenzie, Milton Ribeiro, tomou posse como novo ministro da Educação. Ele é o quarto a ocupar o cargo em pouco mais de um ano e meio do governo do presidente Jair Bolsonaro. No seu discurso, Ribeiro disse que vai abrir diálogo com os educadores “que estão entristecidos com o que vem acontecendo na educação do Brasil”, aludindo à posição do Brasil nos principais indicadores de qualidade da educação. Falou, ainda, sobre o que classificou de políticas e filosofias educacionais equivocadas que, na sua opinião, “desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula”.
Ribeiro dedicou ainda parte de seu discurso a falar sobre qualidades do grupo Presbiteriano Mackenzie, instituição à qual era vinculado. Ele também defendeu investimentos no ensino profissionalizante como “ponte para o mercado de trabalho”. O presidente Jair Bolsonaro, em isolamento por causa da covid-19, participou da posse por videoconferência. Em um breve discurso lembrou seus tempos de estudante para, também, falar sobre a autoridade do professor. “Naquela época o professor não só tinha, mas exercia sua autoridade na sala de aula. Nós temos que resgatar isso daí”. O presidente falou ainda que o MEC é um ministério complexo, com muitos servidores, mas que acredita que o perfil de disposição ao diálogo de Ribeiro trará entendimento à pasta.
Em transmissão feita em redes sociais, o presidente Bolsonaro garantiu a permanência não só do general Eduardo Pazzuello no ministro da Saúde como do ministro Ricardo Salles no Meio Ambiente. Deixou claro que eles estão correspondendo às expectativas do seu governo e que não vê motivos para abrir mão do seu concurso e colaboração. O ministro Ricardo Salles tem sofrido pressões de fundos internacionais, bancos, empresas e agronegócios nacionais, ex-ministros da Economia e ex-presidentes do Banco Central. Bolsonaro frisou, em relação a Pazuello, que “o Ministério da Saúde precisa muito mais de um gestor do que de um médico”.