Nonato Guedes
Na condição de partido do governador da Paraíba, João Azevêdo, o “Cidadania” faz sua estreia oficial nas eleições municipais deste ano, investindo em candidaturas próprias a prefeito ou apoiando nomes de outros partidos em aliança e investindo, também, na eleição de grande número de vereadores. O partido é presidido no Estado por Ronaldo Guerra, que foi nomeado Chefe de Gabinete do governador por Azevêdo quando se investiu no cargo. A nível nacional a sigla é originalmente derivada do PPS e uma outra figura de destaque na Paraíba é o jornalista Nonato Bandeira, secretário de Comunicação do Estado e ex-vice-prefeito de João Pessoa na primeira gestão de Luciano Cartaxo.
O governador João Azevêdo deixou o Partido Socialista Brasileiro, do antecessor Ricardo Coutinho, no final de 2019, e, após consultas, convites e ofertas de diferentes legendas, optou por ingressar no “Cidadania”, com o aval do político pernambucano Roberto Freire, ex-candidato a presidente da República. Destacou, na filiação, que se enquadrava em princípios filosóficos do partido. Sua divergência com Ricardo teve como estopim a dissolução do antigo diretório regional do PSB, presidido por Edivaldo Rosas, que Azevêdo nomeara como secretário de Governo. Os aliados fiéis de Azevêdo queixaram-se que houve praticamente uma “intervenção” no PSB local, com aval da cúpula nacional, dirigida por Carlos Siqueira (PE), que preferiu prestigiar Ricardo Coutinho, premiado, também, com a presidência da Fundação João Mangabeira, instituto de estudos políticos e debates da legenda.
O “Cidadania” é tido por analistas políticos como uma agremiação de centro-esquerda do ponto de vista ideológico e o governador João Azevêdo já se envolveu em polêmicas com o presidente Jair Bolsonaro por fazer parte do Consórcio Nordeste, que abriga outros gestores da região mais hostis ao Planalto. Os eventuais embates com Bolsonaro não impediram vinda de ministros dele à Paraíba nem contatos com o chefe do Executivo estadual. No que diz respeito às eleições para prefeito de João Pessoa, o “Cidadania” tem duas opções na mesa caso resolva lançar candidatura própria: os vereadores Bruno Farias e Léo Bezerra. Mas o próprio Ronaldo Guerra tem admitido composição com outras legendas, envolvendo, até mesmo, o apoio a candidatos delas originários. Bruno Farias preside o diretório municipal do “Cidadania”.
Integrantes do “partido do governador”, como é conhecido, afirmam que o “Cidadania” está aberto a “alternativas” como disputar o pleito com candidatura própria, indicar o vice ou mesmo não compor nenhuma chapa. O leque de entendimentos abrange tanto o esquema do prefeito Luciano Cartaxo (PV), com quem Azevêdo tem estreitado laços no enfrentamento à pandemia do coronavírus, como com o ex-prefeito e ex-senador Cícero Lucena, pré-lançado candidato pelo Partido Progressistas. A base aliada de Azevêdo é composta por nove partidos, entre os quais o PTB, onde o deputado estadual Wilson Filho sempre se coloca à disposição para cabeça de chapa. Enquanto a indefinição perdura, a legenda oficial realiza série de reuniões destinadas a extrair um posicionamento em relação ao pleito, sobretudo em João Pessoa. Ronaldo Guerra tem insistido na afirmação de que há tempo para a costura de alianças e celebração de compromissos.