Nonato Guedes, com agências
A deputada federal Luíza Erundina, natural de Uiraúna, Paraíba, foi escolhida como candidata a vice-prefeita de São Paulo nas eleições de novembro na chapa encabeçada por Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ambos do PSOL. A dupla alcançou 61% dos votos dos filiados do partido na consulta interna realizada no final de semana e venceu as chapas da deputada federal Sâmia Bomfim e do deputado estadual Carlos Gianazzi. Boulos foi o candidato do partido à presidência da República em 2018 – teve 617.222 votos, ou 0,58% dos votos válidos.
Luíza Erundina foi prefeita de São Paulo entre 1989 e 1992, elegendo-se pelo Partido dos Trabalhadores, e disputou novamente o cargo em 1996, 2000, 2004 e 2016. Sua vitória em 1988 foi considerada um marco para a esquerda por derrotar esquemas políticos tradicionais e forças representativas do poder econômico em São Paulo. Ela formou um secretariado com nível de ministério presidencial, escolhendo nomes como Paulo Freire para a Educação, mas se queixou de falta de apoio e até mesmo manobras de sabotagem à sua gestão por parte do PT, do qual se desfiliou, ingressando no PSB e, posteriormente, no PSOL.
“Agora é oficial! Eu e Luíza Erundina somos pré-candidatos do PSOL à prefeitura de São Paulo. Agradeço à militância e cumprimento Sâmia Bomfim e Carlos Gianazzi pelo processo democrático. O partido sai mais forte e unido. Vamos vencer em São Paulo!”, proclamou Guilherme Boulos, no Facebook. Sâmia defendeu a união do partido após reconhecer a derrota. “Agora com as prévias encerradas, já sabemos que as urnas apontaram que nossa candidatura será representada pelos companheiros Guilherme Boulos e Luiza Erundina”, postou nas redes. E acrescentou: “Como dissemos no debate, nosso compromisso agora é com a unificação partidária, com a contribuição programática e com a aposta numa campanha que convoque o povo de São Paulo à luta”, escreveu.
Enquanto isso, os nove vereadores petistas na Câmara paulistana negaram, em nota, que estejam pressionando o partido para trocar o pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Jilmar Tatto, por receio de uma derrota dele para a chapa encabeçada por Boulos. Uma ala do partido é favorável à troca de Tattto pelo ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), que não deseja disputar a eleição. Alguns dos motivos levantados para a troca estão no resultado de pesquisas de intenção de voto, que atribuem marcas entre 2% e 3% ao pré-candidato, e no histórico de Tatto, ex-secretário dos Transportes da gestão Haddad, em uma disputa majoritária. Em 2018, ele tentou uma das duas vagas ao Senado colando sua imagem à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ficou em sétimo lugar, com 6% dos votos. Petistas avaliam que Tatto não seria tão atrativo para auxiliar a angariar votos para as candidaturas do partido à Câmara Municipal, o que poderia minar a força do partido na cidade.