Nonato Guedes
João Pessoa prepara-se para completar 435 anos no começo de agosto convivendo com transformações profundas no seu planejamento urbanístico que possibilitaram a sua inserção entre as chamadas Cidades Inteligentes ou Smart Cities, novo conceito aplicado a aglomerados em todo o mundo que souberam se reinventar no contexto de uma filosofia que combina desenvolvimento com sustentabilidade. 2020 marca o término do ciclo administrativo empalmado por Luciano Cartaxo, do Partido Verde, que procurou adequar a Capital da Paraíba à modernidade tecnológica mais avançada, seguindo padrões de referência de modelos racionais e funcionais que já há algumas décadas vêm se aperfeiçoando como parte do objetivo maior de proporcionar uma efetiva qualidade de vida superior aos habitantes de diferentes localidades.
É para essa perspectiva que devem ser atraídas as atenções de candidatos e candidatas à prefeitura de João Pessoa nas eleições previstas para novembro próximo. O discurso de postulantes à cadeira de Luciano Cartaxo, sejam novos ou velhos conhecidos que retornam à cena pretextando desejo de contribuir para alavancar de vez a marcha do progresso na Capital, terá que estar ajustado ao figurino de discussão do planejamento das Cidades Inteligentes que se propõe em todo o mundo, porque esta é a realidade que passa a vigorar e que envolve, teoricamente, benefícios sociais incomensuráveis, tornando a convivência uma fascinante aventura na história do crescimento das pessoas e da sociedade como um todo.
Nos últimos 40 anos – para fixar-se uma data-limite – os desafios associados à inflexão de desenvolvimento de João Pessoa têm se multiplicado com uma velocidade impressionante, acompanhando a tendência mundial de nova concepção do planejamento das cidades com potencial indiscutível para reciclar-se, evoluir e explorar nichos de ambientalismo coerentes com as demandas produzidas por modelos macros que repercutem nas mais longínquas localidades do território nacional. A João Pessoa dos anos recentes já discutiu temas recorrentes como o alargamento dos espaços de mobilidade urbana, políticas de valorização dos espaços sociáveis e investimentos em infraestrutura conectados com novos padrões de desenvolvimento. Tudo isso é reflexo da sintonia de uma das cidades mais antigas do Brasil com os conceitos que norteiam o planejamento de futuro, a organização do modelo das Cidades Inteligentes.
À medida que se adensa o crescimento populacional, convém chamar a atenção, aprofunda-se a tomada de consciência por parte dos diferentes segmentos da população pessoense em torno das respostas que o poder público tem a obrigação de oferecer para problemas que se acumulam ou para subprodutos de projetos inovadores que, como se sabe, ocasionam novos tipos de consequências. Essa constatação ajuda a lembrar que já vai longe, muito longe, a fase puramente romântica que consistia em apelar para a improvisação, para as pequenas soluções, como se elas bastassem para suprir exigências maiores que foram se incorporando, naturalmente, ao rol de propostas que viabilizassem uma João Pessoa sempre mutante, sempre antenada, sempre adaptada à modernidade inexorável. A tomada de consciência da população tem a ver com o exercício da Cidadania, sinalizando estágio de politização dos segmentos sociais.
A campanha municipal deste ano – que se completa com a escolha de representantes à Câmara Municipal – é atípica por causa da eclosão da pandemia do novo coronavírus, que tem disseminado pânico e afetado sensivelmente o ritmo acelerado de ações desenvolvimentistas executadas mediante parcerias públicas e privadas, uma nova faceta incorporada ao estilo de gestão que predomina na conjuntura nacional, em meio a sugestões para reduzir ao essencial o papel de intervenção de governos, definitivamente credenciados como agentes indutores de ações proativas, não propriamente como agentes realizadores. Afinal, o conceito de governabilidade adquiriu outras conotações, apropriadas ao dinamismo experimentado pela própria sociedade, ao seu processo constante de reinvenção, que está enraizado no inconsciente coletivo, aqui e alhures.
A campanha eleitoral deste ano talvez seja a que vai exigir o maior preparo dos postulantes a prefeito de João Pessoa nas últimas décadas, pelo somatório de desafios que estão postos e pela profundidade de conteúdo que terá que ser demonstrada pelos que se aventuram a pleitear o mandato de prefeito da Capital paraibana. O advento da pandemia do novo coronavírus em nenhum momento toldará o debate ou a formulação de alternativas exequíveis, inteligentes, para a João Pessoa do futuro. Os senhores candidatos e as senhoras candidatas precisarão ir além do blá-blá-blá eleitoreiro. Terão que provar que estão capacitado(a)s para o admirável novo mundo que se descortina na passagem do tempo e da evolução da antiga Felipéia de Nossa Senhora das Neves. Senhores e senhoras, gastem seu fosfato e sua sensibilidade”. E boa sorte.