Nonato Guedes
O deputado federal paraibano Gervásio Maia (PSB) apresentou projeto de lei concedendo, pelo período de três meses, auxílio financeiro emergencial de R$ 300 a frentistas e aumentando em 50%, por idêntico período, o vale alimentação pago pelos donos de postos de combustíveis a esses profissionais. De acordo com o projeto, a medida seria custeada com recursos provenientes da Medida Provisória 988/20, que destinou crédito extraordinário de R$ 101,6 bilhões para o pagamento do auxílio emergencial em razão da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
– Não bastasse o fato de esses trabalhadores enfrentarem diariamente um inimigo discreto, silencioso e mortífero, conhecido como benzeno, substância tóxica e cancerígena presente em combustíveis, agora têm que lidar com o perigo de contaminação pelo novo coronavírus, considerando que estão em contato direto com os condutores de veículos que vão aos postos abastecer – ressaltou o deputado Gervásio Maia. Segundo ele, o projeto de lei assegura ainda o fornecimento gratuito de equipamentos de segurança aos frentistas pelos empregadores. Itens obrigatórios, e, por tempo indeterminado, independente da pandemia de Covid-19, serão a máscara panorâmica para face inteira, par de filtros para máscara para vapores orgânicos, creme protetor para mãos e par de luvas de borracha nitrílica.
Por fim, o projeto proíbe o abastecimento do tanque de combustível acima do nível da trava de segurança. “Após esse nível, o tanque de combustível começa a liberar o benzeno”, justificou Gervásio Maia. Por outro lado, em João Pessoa, boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde revelou dados apontando que o número de médicos infectados pelo coronavírus na Paraíba cresceu 34% entre os dias 24 de junho e 22 de julho, saltando de 399 para 536 em menos de um mês. A quantidade de profissionais de Saúde notificados com a Covid-19 também cresceu de 3.070 para 4.869, no mesmo período, representando um aumento de mais de 58%. No rol dos profissionais de saúde estão médicos, dentistas, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, além de agentes comunitários de saúde, condutores de ambulâncias e recepcionistas.
O presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, Roberto Magliano de Morais, declarou que os médicos, assim como os demais profissionais de saúde, estão mais expostos à contaminação pelo novo coronavírus. “Infelizmente, sabemos que estes números podem ser ainda maiores por conta de falhas nas notificações. Quanto mais médicos infectados, menos profissionais teremos para enfrentar essa batalha”, expressou ele. Roberto Magliano de Morais ainda lamentou o falecimento de mais uma médica vítima da Covid-19 ontem, na Paraíba, na cidade de Campina Grande. Desde o final de março, através de uma plataforma de denúncias online sobre as falhas na infraestrutura de trabalho, o CRM-PB vem recebendo queixas de médicos sobre problemas no processo de triagem, falta de equipamentos individuais de proteção, insumos, exames e medicamentos, material para higienização e recursos humanos. Para verificar as denúncias e aumentar a segurança dos profissionais em seus locais de trabalho, o CRM-PB, através da campanha Médicos Contra o Coronavírus tem visitado hospitais e Unidades de Pronto Atendimento no Estado. Mais de quarenta municípios foram visitados.