Nonato Guedes, com agências
A nomeação da filha do ministro da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto para cargo de gerência na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) não foi um caso isolado do governo do presidente Jair Bolsonaro. Diversos parlamentares aliados ao ex-capitão indicaram parentes para postos no governo federal, entre os quais dois paraibanos: Wellington Roberto, líder do PL, e Aguinaldo Ribeiro, PP, líder da maioria na Câmara. A informação consta de reportagem do jornal “O Globo” sobre práticas fisiológicas do governo Bolsonaro em troca de apoio no Parlamento.
Só na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), entidade vinculada ao Ministério da Saúde, ao menos três parentes de políticos foram contemplados pelo governo: a esposa de Wellington Roberto, Deborah Roberto, uma tia do deputado Gustinho Ribeiro (SD-SE) Maria Luiz Félix e, na superintendência do órgão na Paraíba a mãe do líder da maioria na Câmara Aguinaldo Ribeiro, Virgínia Velloso Borges. Aguinaldo é irmão da senadora Daniella Ribeiro e filho do vice-prefeito de Campina Grande, Enivaldo Ribeiro, tendo sido ministro de Cidades no governo de Dilma Rousseff (PT). Os parlamentares aliados ao presidente justificam as nomeações alegando “capacidade técnica” e até “relação de amizade”.
O filho do senador Elmano Férrer, do Pode-PI, Leonardo Férrer, também ganhou cargo no governo federal, tendo sido nomeado Ouvidor na Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). A representante dos trabalhadores da companhia foi contrária à indicação, alegando que o cargo deveria ser de um servidor de carreira. Em abril de 2017, o deputado Julio Cesar (PSD-PI) indicou sua irmã Jacqueline Carvalho Maia na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ela é assessora da presidência da companhia, ligada ao Ministério da Agricultura. Ao ser questionado sobre a nomeação, o deputado citou “relação de amizade” com a irmã. “Eu já fui diretor administrativo da Conab em 2011 e conhecendo lá as pessoas consegui uma indicação dela. Não foi critério político, mas foi pela relação de amizade, por eu conhecer as pessoas”.
O senador Major Olímpio, do PSL-SP, em entrevista à Globonews, afirmou que recebeu de um representante do governo a oferta de liberação de R$ 30 milhões em emendas parlamentares para o combate à Covid-19 e que a oferta tinha critérios políticos para a distribuição da verba parlamentar. “No Senado foram oferecidos, sim, a inúmeros senadores, R$ 30 milhões para indicar nas suas bases políticas. Foi o toma lá, não teve o dá cá, mas com dinheiro do Covid, sim”, disse. O senador, que era fiel apoiador de Jair Bolsonaro, se disse frustrado com o presidente e revelou pressões e detalhes de uma proposta milionária em emendas para votar com o governo.