Nonato Guedes
O governador João Azevêdo participou, ontem, de uma live promovida pela Universidade Estadual da Paraíba em homenagem ao centenário de nascimento do economista paraibano Celso Furtado, fundador da Sudene e ex-ministro do Planejamento e da Cultura. Na ocasião, também ocorreu o lançamento oficial da trilogia “Celso Furtado: A esperança militante”, publicada pela Editorada Universidade Estadual e pela Empresa Paraibana de Comunicação. O governador falou da satisfação em homenagear Celso Furtado e reforçou a colaboração do governo da Paraíba nas ações voltadas para o conhecimento das obras e ideias do paraibano.
De acordo com o chefe do Executivo, Celso Furtado “foi um articulador de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento, à superação da dependência econômica e à redução das desigualdades sociais que ainda hoje perduram no país. “Esta é uma oportunidade para enaltecermos esse grande paraibano de Pombal que virou cidadão do mundo pela sua leitura de que desenvolvimento econômico precisa estar atrelado às políticas de inclusão social. É preciso entender que as ideias e os princípios dele continuam extremamente atuais e precisamos continuar avançando, pois a nossa região tem um potencial enorme e temos trabalhado para diminuir as desigualdades sociais na Paraíba, a partir da ampliação do agronegócio e da agricultura, da implantação de usinas de geração eólica e solar e sabemos que estamos no caminho certo”, salientou Azevêdo.
O professor Rangel Júnior, reitor da UEPB, enalteceu a iniciativa do governo do Estado de instituir 2020 como o “Ano Celso Furtado” e, ao mesmo tempo, de criar o “Desafio Celso Furtado” na rede estadual de ensino. Rangel Júnior pontuou: “Esse é um momento histórico importante porque estamos trazendo à luz uma obra de grande porte. O governador anunciou, no ano passado, que colocaríamos Celso Furtado no centro do debate, dedicando esse ano ao centenário dele e aos 90 anos de Sivuca. Quero destacar também a iniciativa recente do “Desafio Celso Furtado”, na tentativa de provocar a juventude estudantil e mergulhar no pensamento desse destacado paraibano na bisca de soluções em problemas localizados. A ousadia de Celso Furtado e a capacidade de pensar além do seu tempo são a grande contribuição que ele nos deixou e atravessa mais da metade de um século, com debates e reflexões sobre sua obra, uma demonstração de que quando as pessoas deixam boas ideias não morrem, mas continuarão sempre alimentando o pensamento de outras gerações”.
A professora e economista Tânia Bacelar agradeceu a oportunidade de participar do lançamento da trilogia “Celso Furtado: a esperança militante”. E frisou: “Essa é uma ação realizada por uma universidade pública de um Estado nordestino, justo na Paraíba, por conta da visão preconceituosa sobre a nossa região e que se transformou recentemente em sinônimo do Nordeste e do nosso grito uníssono: Somos Todos Paraíba. Eu entendo que a trilogia ficará registrada na história como a mais importante homenagem entre todas que esse centenário estimulou e é uma honra homenagear o nascimento desse grande brasileiro, que dedicou sua vida para tentar entender e explicar o Brasil e para ajudar a transformar nosso país numa verdadeira nação”.
A jornalista Rosa Freire d’Aguiar Furtado, viúva de Celso Furtado, enfatizou o significado das ideias do paraibano para as novas gerações. “Desde que Celso faleceu, ele está sendo bastante lido e comentado por pesquisadores e universidades, indo muito além da economia. Celso hoje é um pensador de relações internacionais, de Ciências Políticas, de estudos culturais e do Direito. Além disso, há dois temas das obras de Celso Furtado que demonstram que estão muito presentes na nossa vida, como o enfraquecimento dos Estados nacionais e o subdesenvolvimento. Eu espero que esses encontros que estamos fazendo levem às novas gerações essa mensagem de Celso, cujas ideias só fazem ganhar vigor com o tempo”, acrescentou.
“Desafios”, o último volume da trilogia, foi produzido com colaboração de pesquisadores que, inspirados em Furtado, atuam na área do desenvolvimento regional, um dos principais temas da obra do economista paraibano, segundo informou Cidoval Morais, um dos organizadores da trilogia “Celso Furtado: A esperança militante”. Entre os autores do terceiro volume estão os pesquisadores Rainer Randolph, Carlos Brandão, Ângela Cristina Trevisan, Marcos Antônio Mattedi, entre outros. O segundo volume da trilogia “Celso Furtado – A esperança militante”, que tem como título “Depoimentos” foi lançado no dia 23 de junho. A obra reúne entrevistas realizadas pelos organizadores nos últimos cinco anos, com pessoas que trabalharam, estudaram e interagiram com Celso Furtado entre 1959 e 2003, nos principais momentos de sua carreira acadêmica e política. Já o primeiro volume da trilogia, intitulado “Interpretações”, disponibilizado no início de junho, aborda leituras sobre a obra de Furtado, feitas por especialistas brasileiros, latino-americanos e europeus, nos últimos 30 anos.