Nonato Guedes, com agências
O cientista Miguel Nicolelis, coordenador do comitê científico do combate ao coronavírus do Consórcio Nordeste, lamentou em postagens, ontem, a situação da pandemia no Brasil que, como notou, se aproxima da triste marca de 100 mil mortes. Consternado, o cientista escreveu em redes sociais: “70.869 novos casos em 24h. 1.554 brasileiros e brasileiras mortos EM UM DIA! Em menos de uma semana chegaremos à marca de 100.000 mortos em 5 meses! CEM MIL!. Quando vamos sair do torpor e nos darmos conta da verdadeira dimensão do que acontece no Brasil neste momento?”, questionou ele.
A indignação foi expressada pelo cientista no dia em que o Brasil ultrapassou as 90 mil mortes pela doença. Defensor das medidas de isolamento social e crítico da postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro no manejo da crise sanitária, Nicolelis relaciona os erros do Brasil com os dos Estados Unidos, país campeão em mortes. Disse que os Estados Unidos acabam de atingir a marca de 150 mil vítimas fatais pela Covid-19 e que o Brasil segue firme para chegar a 100 mil fatalidades em breve. “Qualquer semelhança não é mera coincidência”, admoestou, indignado. Por outro lado, a revista Forum divulgou que o presidente Jair Bolsonaro continua protagonizando cenas que contrariam totalmente as orientações repassadas por profissionais de saúde e especialistas diante da pandemia do novo coronavírus.
Na terça-feira, conforme imagens exibidas ao vivo por um canal bolsonarista, o presidente da República conversa com apoiadores que se concentram no Palácio da Alvorada e tira selfies. Para não aparecer com o rosto tampado, ele puxa a máscara de proteção com a mão. O ex-capitão ainda responde a questionamentos sobre seu estado de saúde e minimiza a doença que já matou 90 mil pessoas. “Eu não tive problema nenhum. É muita pressão em cima do povo, né? Quem tem problema de saúde, qualquer coisa é perigosa. Uma pessoa idosa vai tomar uma chuva e pega pneumonia”, declarou. O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que deixou o governo em meio a divergências constantes com o presidente, revelou que o presidente teve um intenso acompanhamento médico para não sofrer com as consequências da doença ou do uso da cloroquina e teve acesso a um monitoramento que a maioria da população tem.