As prefeituras das maiores cidades do país estão lançando peças publicitárias de uma campanha nacional de utilidade pública contra o coronavírus. A ação ocorre sem participação do Ministério da Saúde e foi criada diante da constatação da falta de coordenação do órgão para elaborar uma comunicação integrada destinada a prevenir a doença. Conforme o jornal “O Estado de S. Paulo” a iniciativa é da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que negociou com o Tribunal Superior Eleitoral autorização especial para veicular comunicação sobre a doença em jornais, sites, rádios e na TV durante toda a pandemia.
Neste ano, por causa das eleições municipais, as prefeituras ficam proibidas de fazer propaganda a partir de agosto. O material publicitário foi elaborado a partir de pesquisas que apontaram quais mensagens obtinham melhor resposta da população e destaca o distanciamento social, o uso de máscaras e limpeza das mãos. As mensagens ressaltam ainda a necessidade de proteção à família dentro de casa. Cada prefeitura vai adaptar o conteúdo já produzido e adicionar o logotipo da cidade, bem como arcar com os custos de distribuição das mensagens. Segundo o presidente da FNP, Jonas Donizette (PSB), prefeito de Campinas (SP), a falta de uma comunicação unificada sobre a prevenção da doença atrapalhou as cidades.
– Percebemos que o Brasil teve um problema de comunicação na área da Covid-19. Havia as orientações corretas, mas algumas autoridades destoaram disso. Os prefeitos falavam uma coisa, o governador outra, e teve esse confronto, especificamente com a figura do presidente Jair Bolsonaro. Isso causou uma desinformação para a população – afirmou. O prefeito de Campinas acrescentou: “Na verdade, se você lembrar, quase teve a aprovação de uma campanha que foi aquela “O Brasil não pode parar”, que era oposta a essa de que as pessoas devem ter cuidado”. A campanha que ele cita teve a veiculação proibida pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, em ação proposta pela Rede Sustentabilidade. Ela chegou a ser veiculada em canais oficiais do governo, mas foi retirada do ar antes da decisão com o argumento de que era uma campanha “experimental”. A ação da FNP teve todo o material produzido pela ONG Vital Strategies, que tem atuação na área da saúde e está presente em 70 países. Os recursos que custearam o desenvolvimento das peças foram doados pela fundação Bloomberg.
A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde negou que tenha faltado uma campanha nacional de prevenção ao coronavírus. Informou que o governo federal fez uma campanha publicitária que está dentro do site do ministério. Ainda segundo a pasta, a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS)é tripartite, com atribuições que Estados e municípios devem adotar.