Nonato Guedes, com agências
A Frente Nacional de Prefeitos divulgou nota criticando o relatório elaborado pelo governo de Jair Bolsonaro que relacionava prefeitos e governadores com os números da pandemia do novo coronavírus em cada localidade. “O documento preparado pelo Palácio do Planalto e enviado a parlamentares, com nomes de governantes de cidades que mais têm casos de COVID-19, tem o objetivo de imputar responsabilidades, evidenciando oi ânimo de apontar culpados”, revela em nota. O “ranking” está sendo interpretado como mais uma orquestração do presidente da República e equipe para retaliar gestores adversários do atual governo.
Segundo a Frente Nacional de Prefeitos, “desde o início da pandemia o governo federal tem se esquivado das responsabilidades” e “atrapalha medidas implementadas por prefeitos e governadores para salvar vidas”. Acrescenta: “As experiências internacionais comprovam que as ações coordenadas são as mais eficazes para enfrentar a Covid-19, como vimos em reuniões com governantes locais de 18 países, promovidas pela FNP”. O texto é uma resposta ao “ranking” produzido pela Secretaria de Governo e entregue a aliados de Bolsonaro. Nele, Estados e municípios são classificados de acordo com o número de casos e óbitos. O nome dos gestores aparece em destaque.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), atacou a estratégia dos aliados do presidente Jair Bolsonaro de tentar jogar para os governadores estaduais a responsabilidade pelas mortes provocadas durante a pandemia do novo coronavírus. Dino questionou: “Governadores chamaram a COVID de “gripezinha?”. Debocharam de mortes com um “e daí?” ou dizendo não serem ‘coveiros’? Ou participaram de inusitadas marchas dominicais em plena pandemia?”. Foi uma referência a episódios protagonizados por Bolsonaro e que tiveram repercussão negativa. O presidente é conhecido, até na mídia internacional, como ‘negacionista’ e criticado pela postura de não usar máscara em ambientes públicos nem evitar promover aglomerações. O governador Flávio Dino frisou que “a verdade é maior do que a obscena ‘operação’ dessas milícias de fake news’.
Apesar de dizer que fez o “possível e o impossível” para evitar mortes, Bolsonaro também fez previsões de mortes cerca de 100 vezes menores que as registradas e lutou contra o isolamento social. O Tribunal de Contas da União informou que o governo gastou menos de 8% dos recursos para a Covid-19 no combate à pandemia e recomendou, expressamente, que sejam tomadas providências imediatas para o atendimento efetivo a pacientes que estão sendo vitimados com sintomas do coronavírus.