Nonato Guedes
Detectado pelo “Datafolha”, o aumento da popularidade do presidente Jair Bolsonaro animou aliados e integrantes do Centrão, que se rotulam como neobolsonaristas, e causou ciúmes da parte de adversários, que julgavam ter o capitão caído em desgraça em virtude da postura negacionista que alimenta em relação ao novo coronavírus. O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, que se insinua como provável candidato a presidente da República em 2022, chegou a declarar que essa popularidade do presidente não se sustenta, dando a entender que é artificial e, portanto, passageira. Líderes do governo, no contraponto, calculam que vão conseguir consolidar apoio de 350 deputados e 60 senadores até as eleições municipais. Seriam novas adesões interessadas no resultado das urnas, este ano, em seus redutos eleitorais.
O site “CNN Brasil” revela que, mesmo que Bolsonaro diga que não irá fazer palanque para candidatos, o nome dele e as ideias de governo devem permear o discurso de postulantes às prefeituras que sejam alinhados ao Planalto. A expectativa é de nova eleição polarizada entre os que apoiam e os que não apoiam o governo. O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes, afirmou: “Foi uma subida surpreendente de popularidade, o que demonstra a capacidade de se comunicar de forma mais direta, aprovar leis, inaugurar obras”. A verdade é que a oposição enciumada não está conseguindo fazer a leitura correta das motivações do prestígio do capitão. A popularidade do presidente cresceu, inclusive, no Nordeste, região que o PT considerava cativa nos últimos anos.
Flávio Dino, mesmo sem querer dar o braço a torcer, adverte que a questão central para o “campo progressista” continua a ser gerar alternativa clara, viável e conectada com as necessidades da população. Essa alternativa torna-se tanto mais difícil em virtude das contradições e divergências que afloram entre as forças de esquerda ou do tal “agrupamento progressista”. No Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, confiante em decisão do Supremo que anule processos movidos contra ele, com assinatura, ainda, do ex-juiz Sergio Moro, volta a exercitar o personalismo, acalentando a hipótese de voltar a concorrer ao Planalto, desafiando diretamente Bolsonaro. Um comportamento que só contribui para isolar Lula do conjunto das demais lideranças oposicionistas.
Já há algum tempo, analistas políticos vinham prevenindo que o presidente Bolsonaro e seu governo são beneficiários do chamado “coronavoucher”, o auxílio emergencial instituído para trabalhadores no atual período de crise econômica derivada da crise sanitária do novo coronavírus, com fechamento de postos de trabalho, demissões em massa e falta de perspectivas a curto ou médio prazos. Ou seja, o capitão teve sensibilidade e habilidade para comparecer com o assistencialismo do Estado numa conjuntura extremamente difícil, perturbadora, que afeta dos artistas a empregadas domésticas. Bolsonaro foi da teoria à ação, encampando a proposta de concessão do auxílio de R$ 600, ao mesmo tempo em que contempla a flexibilização de medidas de isolamento social com retomada de atividades econômicas. Os gestores de oposição a Bolsonaro não tiveram ideia melhor a oferecer e limitaram-se a administrar o contencioso da crise de Covid-19, lutando para que a calamidade não saia do controle.
A estratégia dos adversários do presidente da República foi calcada na tarefa de subestimar seu potencial de liderança e, em outra frente, nas operações ostensivas para desconstruir a sua imagem. Faltou aos “gênios” da oposição a percepção mínima da realidade predominante no país e que pode ser traduzida de forma simples e direta na constatação da blindagem do presidente da República às críticas a ele dirigidas, algumas delas em tom contundente, como ensaio de uma radicalização política-ideológica que, pelo visto, não interessa a dados de hoje a segmentos expressivos da sociedade. Essa miopia dos adversários de Bolsonaro impediu-os de sequer admitir que ele viesse a alcançar a melhor aprovação desde o início do seu mandato. Pois foi exatamente isto o que aconteceu – ou seja, o recorde de aprovação ao presidente, que soube, também, dosar seus arroubos autoritários e adotar posição mais moderada em relação a outros poderes como o Supremo Tribunal Federal e o Congresso.
A oposição tende a continuar batendo cabeça se continuar obstinada em atacar o presidente Jair Bolsonaro e seu governo simplesmente por atacar, sem, no entanto, apresentar contraponto ao modelo de governo que ele põe em prática dentro das condições de temperatura e pressão ditadas por uma crise sanitária de absoluta gravidade como a que acomete o país. Não basta bater na imagem do homem que está à frente dos destinos do país. É preciso saber fazê-lo com competência. Sem se descuidar da voz rouca das ruas que, ás vezes, é totalmente destoante do que cogitam expoentes ou representantes de certas elites políticas brasileiras.