Nonato Guedes, com agências
O deputado federal Julian Lemos (PSL-PB), em declarações à rádio Jovem Pan e a outros órgãos da mídia sulista, sugeriu que o presidente Jair Bolsonaro deve fazer um “mea culpa” se quiser retornar ao PSL diante da inviabilidade de formação do “Aliança pelo Brasil”, que ele tentou estruturar no país. Embora alegando não ter conhecimento de negociações concretas para o retorno de Bolsonaro à antiga legenda, Julian Lemos comentou que o presidente “sabe da importância do PSL para sua eleição em 2018”. Bolsonaro tem insinuado a interlocutores que está conversando com o PTB através do dirigente nacional Roberto Jefferson e que não descarta a hipótese de voltar para os braços do PSL.
Fontes políticas de Brasília confirmam que a estruturação do “Aliança pelo Brasil” não avançou dentro das expectativas do próprio Bolsonaro e nem deverá avançar até 2022, quando o mandatário concorrerá à reeleição, turbinado, segundo espera, por índices de popularidade que voltaram a crescer em recente pesquisa do Datafolha. Julian Lemos foi coordenador da campanha de Bolsonaro no Nordeste e, em especial, na Paraíba, mas se distanciou do presidente devido a conflitos com seus filhos, mas continuou votando favoravelmente a matérias do Executivo na Câmara. Ele segue a orientação do atual presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE), cuja condução no comando da legenda considera eficiente, proativa e democrática. Frisou que sob a direção dele o PSL vem sendo administrado com “muita justiça e muita clareza” e repeliu manobras para “tomada do partido de assalto”.
O senador Major Olímpio (PSL-SP) rebateu a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre possível retorno ao PSL. “Se a maioria tiver vergonha na cara, não aceita. Se o PSL quiser mesmo lutar contra a corrupção, não é com Bolsonaro”, afirmou o congressista em seu Twitter. Na publicação, o senador também incluiu um vídeo com vários trechos de entrevistas com Jair Bolsonaro. Em um deles, o presidente nega que daria cargos ao “Centrão” em troca de apoio político. Nesta semana, o governo anunciou o deputado Ricardo Barros (PP-PR) como novo líder na Câmara. O PP é um dos partidos que compõem o grupo. Major Olímpio foi enfático: “Dignidade não tem preço! Num dia ninguém do PSL presta, depois Bolsonaro quer voltar? Quem disse que o PSL o quer? Já se acostumou com o toma lá dá cá do Centrão?”.
Na live semanal de quinta-feira, Bolsonaro afirmou que conversa com o PSL e cogita a possibilidade de retornar à sigla. Ele também disse que recebeu convite de quatro partidos, um dos quais o PTB. “É difícil formar partido. Não é impossível, mas é difícil. Burocracia enorme. A pandemia do coronavírus atrasou. Passa na ponta linha pelo TSE. Então eu não posso investir 100% no Aliança, em que pese o esforço de muita gente pelo Brasil. Eu tenho que olhar outros partidos…” Bolsonaro rompeu com o PSL no fim do primeiro ano de mandato e no processo de rompimento integrantes tomaram partes e formaram o que ficou conhecido como a ala bivarista, de apoiadores do presidente da legenda, Luciano Bivar, e a ala bolsonarista, de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Major Olímpio é um dos principais políticos que apoiou Luciano Bivar.