Nonato Guedes
A disputa pela prefeitura de João Pessoa nas eleições deste ano conta com a presença de um comunicador de prestígio popular – o radialista Nilvan Ferreira, natural de Cajazeiras, que até recentemente ancorava o programa “Correio Debate” na 98 FM, abordando temas polêmicos do cotidiano da Capital e do Estado. Ele não inova ao se lançar, como homem de imprensa, na atividade política. Por duas vezes, a partir de 2005 até 2013, Josival de Souza Júnior, o “Jota Júnior”, natural de Campina Grande, foi prefeito da cidade de Bayeux, na região metropolitana da Capital.
Ele concorreu pelo PMDB e, no primeiro páreo, derrotou a prefeita Sara Cabral, do PTB, que postulava a reeleição. Jota Júnior adquiriu visibilidade como apresentador do “Correio Verdade” na TV Correio-Record e comandou outros programas em passagens alternadas por aquele veículo de comunicação. Era descrito como um comunicador de carisma e respeitado pelos próprios colegas como líder de audiência. Nas gestões que empalmou em Bayeux, procurou priorizar o atendimento a demandas de camadas mais carentes da população. No segundo mandato, enfrentou pesadas críticas de adversários e sua imagem como político começou a se desgastar. Concomitantemente surgiram problemas de saúde que, em pouco tempo, o levaram a óbito.
Jota Júnior morreu aos 52 anos de idade em 24 de abril de 2017 em um hospital de Belo Horizonte, Minas Gerais. A causa foi parada cardíaca causada por insuficiência respiratória. O pneumologista Ronaldo Rangel, que acompanhou o apresentador no avião que o levaria a Porto Alegre, revelou que Jota sofria de bronquiectasia bilateral, espécie de dilatação nos brônquios que provoca dificuldades de oxigenação e considerada rara até então. Em Porto Alegre, o radialista seria submetido a um transplante de pulmão, procedimento considerado de risco, o que fez com que ele fosse transportado em UTI aérea. Dentro do avião, Jota Júnior gravou um vídeo relatando os problemas enfrentados, pedindo orações e demonstrando confiança na recuperação. Seu estado de saúde oscilou, registrando melhoras, mas ele não resistiu. Jota estava na fila do transplante há cerca de um ano, ficando inicialmente em Fortaleza, até que se cogitou o deslocamento para outros centros.
Como radialista, Josival de Sousa Júnior teve atuação, ainda, em emissoras de rádio de Fortaleza, Campina Grande, Cajazeiras e Sousa, mas foi em João Pessoa que se destacou mais efetivamente, no Sistema Correio de Comunicação. Filho de pais de origens humildes, ele residiu em Bayeux quando contava pouco mais de 10 anos, tendo vendido material gráfico e trabalhado como professor de datilografia. Arrendou com o pai bares do estádio Almeidão numa época em que proliferavam bingos e outros eventos. Foi, também, vendedor de gás. Sua história de dificuldades comoveu pessoas pobres, que constituíam o grosso do seu eleitorado na cidade de Bayeux. Jota Júnior também inspirou outros profissionais de radiofonia e da imprensa em geral a tentarem ingressar na política, concorrendo a mandatos eletivos.