Nonato Guedes
A ex-vereadora Luciene Andrade Gomes Martinho, conhecida por “Luciene de Fofinho”, do PDT, que através de eleição indireta procedida pela Câmara Municipal, ontem, foi escolhida como nova prefeita de Bayeux, na região da Grande João Pessoa, admitiu em declarações feitas após o resultado que vai disputar a reeleição ao cargo nas eleições diretas previstas para novembro, conforme calendário excepcional do TSE adaptado à pandemia do novo coronavírus. Com 13 votos, Luciene foi eleita por ampla maioria para exercer um mandato-tampão até 31 de dezembro, completando o período que ficou vago com a renúncia do prefeito Berg Lima. Ela será a segunda mulher a exercer a prefeitura – antes, Sara Cabral, do Democratas, no começo dos anos 2000, foi titular da municipalidade.
O vice-prefeito eleito é o vereador Adriano Martins, do MDB e a eleição indireta pôs fim a um impasse político-jurídico que vinha se arrastando desde a vacância do cargo ocasionada pela renúncia de Berg Lima. O prefeito interino Jefferson Kita, do Cidadania, que se inscreveu no pleito indireto, obteve apenas dois votos e não participou da sessão. Conduzida pelo vereador Inaldo Andrade, que retirou a sua candidatura, a votação foi rápida e nominal. A prefeita eleita agradeceu a Deus e promete realizar uma gestão voltada ao bem-estar da população de Bayeux. Ela reconheceu que Bayeux enfrenta uma conjuntura de caos político e administrativo e que enfrentará dificuldades para levar adiante metas em tempo recorde de administração, mas se disse confiante e disposta a trabalhar.
A sessão transcorreu sem maiores problemas, ao contrário de inúmeras outras reuniões que foram marcadas pelo tumulto e por agressões verbais entre vereadores. Inicialmente houve leitura do edital de convocação e em seguida os parlamentares tomaram conhecimento de ações impetradas na Justiça e em Cortes superiores, tendo sido lido, também, documento formalizando a renúncia da chapa 01 encabeçada por Carlos Antonio dos Santos. A posse aconteceu ontem mesmo, em sessão extraordinária aberta logo em seguida à proclamação do resultado. Seis chapas inscreveram-se à eleição indireta – as de Carlos Antonio dos Santos, Luciene Andrade Gomes, Inaldo Andrade, Ardinildo Moraes dos Santos, Jefferson Kita e Roni Peterson de Andrade Alencar. Bayeux convive com turbulência política-administrativa desde a prisão de Berg Lima e seu afastamento do executivo municipal em julho de 2017. Berg chegou a retornar ao comando da prefeitura em dezembro de 2018 mas foi afastado novamente em maio de 2020, renunciando no dia 14 de julho, o que possibilitou a eleição indireta nos termos da Lei Orgânica do Município.
Luciene, em discurso antes e depois do pleito, afirmou considerar-se preparada para representar a população de Bayeux e advertiu que não poderia se acovardar. “Lugar de mulher é onde ela quiser, principalmente na prefeitura. Eu vim do povo, eu sou coragem, trabalho e futuro”, enfatizou, ao mesmo tempo em que fez acenos, exortando adversários a conjugarem esforços para contribuir pelo desenvolvimento de Bayeux. Antes da realização da eleição indireta, houve seguidos cancelamentos do pleito decorrentes de manobras articuladas por aliados de Jefferson Kita, que apostavam fichas na sua permanência inercial no cargo até o final do ano. O Supremo Tribunal Federal chegou a ser acionado mas denegou pedido de suspensão da eleição indireta. O ex-prefeito interino de Bayeux volta à presidência da Câmara Municipal, enquanto Inaldo Andrade retorna à primeira vice-presidência.