Nonato Guedes
Em pleno andamento do mandato conquistado em primeiro turno nas eleições de 2018, o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania) impõe-se, naturalmente, por um estilo que colabora para distensionar as “relações institucionais” entre Poderes constituídos. O seu governo também dialoga constantemente com instituições representativas da sociedade civil, com a imprensa, e é respeitoso no convívio com adversários políticos, quer estejam representados por pessoas ou partidos que integram o cenário. Nos meios políticos e sociais em geral a comparação é inevitável com o governo do antecessor, Ricardo Coutinho (PSB), com vantagem para Azevêdo. O estilo de Ricardo era o do confronto permanente, que gerava instabilidade e dificultava a cooperação em torno da governabilidade. Coutinho não dava chance à paz como requisito para a ação administrativa exitosa. Mas o que a Paraíba menos precisa é de estilos vulcânicos com fins midiáticos.
O método conciliador ou moderado do governador João Azevêdo ganha mais fluência ou visibilidade inexoráveis em face da situação de calamidade enfrentada pela Paraíba, a braços com os graves reflexos ocasionados pela pandemia do novo coronavírus. Situações excepcionais dessa natureza, via de regra, exigem que o comando administrativo, além de se revelar eficiente, proativo, na tomada de decisões, oferecendo respostas rápidas e eficazes às demandas de emergência como corolário da crise sanitária, seja pautado pelo equilíbrio, pela serenidade e racionalidade na adoção das medidas. Dos gestores espera-se, também, que pratiquem a relação democrática, compartilhando com outras autoridades a execução das propostas consensuadas para enfrentamento à epidemia de Covid-19. João Azevêdo, pelos depoimentos que têm sido colhidos, porta-se à altura das responsabilidades que lhe são delegadas, pautando-se pelo estilo que é inerente ao seu perfil.
Mesmo na relação com o Palácio do Planalto, que se torna dificultosa pela postura negacionista do presidente Jair Bolsonaro em relação à gravidade da pandemia e, às vezes, pelo tom assumidamente beligerante do mandatário, que não esconde restrições pessoais a governadores tidos como adversários, sobretudo os da região Nordeste, João Azevêdo tem saído incólume porque não incentiva bolsões de atrito que possam redundar em prejuízos para a Paraíba. O gestor paraibano demonstra ter consciência de que, qualquer passo em falso no terreno movediço do diálogo com o governo federal, há de ser fatal para a população, que não pode ser penalizada mais ainda em virtude de divergências político-partidárias ou ideológicas. Ainda que atuando de forma articulada com colegas que compõem o “Consórcio Nordeste”, um movimento não encarado com bons olhos por Bolsonaro, o governante paraibano, pessoalmente, busca aplainar caminhos, fugir de atalhos sinuosos que desembocam em precipício.
Quando foi preciso marcar posição, em documentos conjuntos, perante o governo federal, nas questões ou discussões pontuais envolvendo interesses de Estados e obrigações da União, João Azevêdo aquiesceu à colação como representante qualificado do povo paraibano. Entretanto, posicionou-se objetivamente, sem bravatas ou provocações para o confronto estéril, e colocando na mesa, com toda a transparência possível, as reivindicações justas e imperiosas diante da conjuntura que intranquiliza o país como um todo. Em nenhum momento reclamou privilégios ou concessões além da conta para o Nordeste como um todo e para a Paraíba em particular. No contraponto, balizou que também não seria possível ceder um milímetro a mais que viesse a ser solicitado, em detrimento de necessidades palpáveis ou prementes.
Essa postura de altivez granjeou para o governador paraibano credenciais que possibilitassem à Paraíba respirar em meio à calamidade do coronavírus, associada a uma crise econômica sem precedentes nos últimos anos, ocasionada pela paralisação compulsória de atividades produtivas dentro da estratégia de prevenção do contágio e da filosofia focada em salvar vidas, como tem sido a tônica de quem está à frente do poder público, nas diferentes esferas, neste momento, no Brasil. A par disso, Azevêdo tem atuado, juntamente com a sua equipe, para viabilizar metas que pareciam condenadas a ficar congeladas e que incidem na captação de investimentos e no incremento de obras que são indispensáveis para que não cesse o projeto de desenvolvimento do Estado. Em última análise, tais metas constituem o esboço das ideias que foram apresentadas em praça pública pelo então candidato a governador, na campanha eleitoral, e que tomam forma no resgate de compromissos firmados ou de promessas verbalizadas.
Para manter um ritmo administrativo de resultados, que igualmente são cobrados pela opinião pública, o governo João Azevêdo não tem poupado esforços no sentido de contemplar diferentes frentes ou setores que reclamam investimentos prioritários tendo como subprodutos emprego e renda, em intervenções planejadas para fazer o Estado avançar. O atual chefe do Executivo está atento a essa realidade. Ele sabe que está sendo colocado à prova não apenas no enfrentamento à pandemia, que se traduz em ponto fora da curva para os gestores em geral, mas na administração do contencioso para a qual foi eleito, englobando as demandas da Paraíba. Espera, é evidente, sair-se com louvor na empreitada, até como recompensa pela obsessão em trabalhar pelo Estado e acudir o seu povo na precisão. Ou, como se diz popularmente, no “apertado da hora”…