Nonato Guedes
Em declarações a órgãos de imprensa, o presidente do diretório estadual do Cidadania, Ronaldo Guerra, opinou que as eleições municipais deste ano, sobretudo para prefeitos e vice-prefeitos, vão mostrar o potencial de liderança do governador João Azevêdo, figura de destaque da legenda desde que se desfiliou do PSB em meio a divergências com o ex-governador Ricardo Coutinho, que dissolveu abruptamente o antigo diretório regional e impôs uma comissão provisória para comandar a legenda. Para Ronaldo Guerra, o governador João Azevêdo “tem um estilo agregador que fortalece os seus espaços no cenário político estadual”.
Ele deu como exemplos composições que estão sendo celebradas no pleito municipal previsto para novembro. Ronaldo Guerra mencionou que o Cidadania não é intransigente em relação a candidaturas próprias a prefeito, tanto assim que tem conduzido negociações para apoiar candidaturas de outros partidos que tenham afinidade com a liderança política do chefe do Executivo. Mas deixou claro que a estratégia de fortalecimento dos quadros do próprio Cidadania é prioritária para o governador e seus liderados, tendo em vista o desempenho nas eleições de 2022, quando Azevêdo deverá concorrer à reeleição. Um caso emblemático de tática eleitoral do Cidadania, que é sempre citado, diz respeito à sucessão em Guarabira, no Brejo paraibano.
O governador foi avalista, na disputa em Guarabira, do apoio do Cidadania à candidatura do ex-governador Roberto Paulino, do MDB, que deverá concorrer com chances contra o esquema do PSDB, órfão com a morte do então prefeito Zenóbio Toscano. Como retribuição ao apoio de Azevêdo a Roberto Paulino, o filho deste, deputado estadual Raniery Paulino, entregou a liderança do bloco parlamentar de oposição ao governo do Estado na Assembleia Legislativa e passou a fazer parte da base política de apoio a Azevêdo, com o compromisso de votar favoravelmente a matérias encaminhadas pelo Executivo. Raniery assumiu a nova postura de forma transparente e deixando claro que não poderia ser outra a sua atitude, por questão de coerência, dado o apoio do governador à candidatura de Roberto Paulino.
De acordo com Ronaldo Guerra, as posições do Cidadania nos principais colégios eleitorais do Estado sobre o pleito de novembro estão sendo norteadas pela realidade local e pelas peculiaridades de cada município ou região. Deputados ligados ao governador não escondem que a estratégia posta em prática tem relação com o cenário para 2022 – quando estará em pauta a reeleição do governador João Azevêdo, mas observam que não há imposições da parte do esquema oficial e, sim, bastante diálogo acerca das projeções políticas no Estado. Além do Cidadania, o esquema do governador conta com vários partidos na base de apoio, a exemplo de PTB, DEM, MDB, PP e PDT. Em Santa Luzia, no Vale do Sabugy, por exemplo, o esquema oficial deverá formar com a candidatura do ex-prefeito Ademir Morais (DEM). Mas, dentro das peculiaridades de cada reduto, em João Pessoa a aliança não será com o MDB, que tem como pré-candidato o radialista Nilvan Ferreira, mas com o PP, representado por Cícero Lucena.