Nonato Guedes
O deputado estadual Eduardo Carneiro, do PRTB, pré-candidato a prefeito de João Pessoa, criticou ontem a situação do Sistema de Saúde Municipal após a interdição ética, pelo Conselho Regional de Medicina, do Complexo Hospitalar de Mangabeira Tarcísio de Miranda Burity, mais conhecido como “Trauminha”, após denúncias de diversas irregularidades e abandono do funcionamento daquela unidade hospitalar. Eduardo apontou uma série de medidas para recuperação do “Trauminha” com vistas a torná-lo um ambiente digno para o atendimento de pacientes e para o exercício profissional de quem ali trabalha.
Entre as sugestões ele citou a criação de um conselho técnico administrativo, reforma de toda a estrutura do hospital e adoção da transparência, com a divulgação de escala de trabalho e também dos nomes dos pacientes que esperam na lista para a realização de cirurgias. “Tenho sempre reforçado que o problema de saúde da nossa Capital não surgiu com a pandemia do novo coronavírus. Os problemas e a falta de assistência de saúde adequada são fatores que fazem parte da realidade dos pessoenses muito antes da Covid-19. Esta não foi a primeira vez que o Trauminha de Mangabeira, uma unidade que deveria ser referência, foi interditada. Não é a primeira vez que o CRM recebe denúncias dessa natureza”, frisou.
O parlamentar destacou, ainda, a demora para a realização de exames e cirurgias de pequeno porte, afirmando que a população enfrenta meses, até anos, às vezes, em uma fila de espera. Salientou Eduardo que uma das propostas do seu plano de governo é fazer uma reestruturação do Trauminha de Mangabeira e criar um hospital de retaguarda. “Infelizmente, a situação é caótica e Saúde precisa, mais do que nunca, ser prioridade”, destacou. Conforme ele, a formação de um conselho técnico é essencial para a administração do hospital, podendo vir a se constituir em modelo a ser implantado em todas as unidades, sendo importantes, ainda, a melhoria da pactuação com o Estado e a reorganização do fluxo de atendimento no hospital, criação do setor de gerenciamento e controle de infecção hospitalar, reforma de toda a estrutura, criação de um programa de humanização do atendimento dos pacientes e acompanhantes e implantação do sistema de transparência com divulgação da escala de profissionais, das filas de espera para realização de cirurgias e das ocupações de leitos.
– É preciso haver uma gestão que seja eficiente mas que não perca de vista o que realmente importa: criar melhores condições de vida para os moradores de João Pessoa, desenvolvendo nossa terra e gerando mais oportunidade de emprego, sem deixar de lado o cuidado – reforçou.
Por sua vez, o deputado federal Ruy Carneiro, do PSDB, também pré-candidato a prefeito de João Pessoa, considerou graves as conclusões da fiscalização técnica realizada pelo Conselho Regional de Medicina no Trauminha de Mangabeira, citando graves problemas de higiene, vazamentos, paredes sujas, infiltrações, presença de baratas, falta de privacidade e de roupa de cama nos leitos, iluminação e ventilação insuficientes. O hospital está proibido de receber novos pacientes a partir deste sábado, 29, nos termos da “intervenção” decretada pelo CRM. Ruy Carneiro lembrou que o hospital é de responsabilidade da prefeitura de João Pessoa e sofre ainda com dificuldades graves de gestão, acrescentando que a sua direção e a secretaria de Saúde municipal já haviam sido alertados pelo CRM por superlotação no Trauminha.
Textualmente, afirmou Ruy Carneiro: “A população de João Pessoa está indignada com a gestão municipal, que abandonou o Trauminha. Enquanto as pessoas sofrem, o prefeito está dedicado apenas a fazer campanha eleitoral para a cunhada, reuniões e visitas pedindo voto e abandonando a gestão municipal. Daqui para a frente, essa realidade tem que ser muito diferente. O Trauminha tem que ser reconstruído e tem que atender com dignidade as pessoas da nossa cidade”. O secretário de Saúde da prefeitura, Adalberto Fulgêncio, considerou “uma medida muito forte” a decretação de interdição do Trauminha pelo Conselho Regional de Medicina, queixou-se de falta de diálogo com o poder público e garantiu que uma das exigências do CRM já foi atendida – a escala de médicos. Referiu-se, ainda, a esforços que estão sendo envidados para obras de reforma na estrutura do Complexo Hospitalar.