Nonato Guedes
O deputado federal paraibano Julian Lemos, primeiro vice-presidente nacional do PSL, ao comentar a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro voltar ao partido, pelo qual concorreu em 2018, negou informações de que o capitão teria apresentado uma “lista negra” composta por um senador e sete deputados federais que não deseja mais que permaneçam no PSL. Entre esses parlamentares estaria o próprio Lemos, que foi coordenador da campanha de Bolsonaro no Nordeste e, sobretudo, na Paraíba, mas que se distanciou do Planalto por divergências com filhos do presidente, embora revele que em mais de 90% vote favoravelmente a matérias do governo na Câmara.
– Ninguém será defenestrado do PSL – assegurou Julian Lemos, admitindo que conversou sobre o assunto com o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar (PE). Julian, que é pré-candidato a prefeito de João Pessoa nas eleições de 15 de novembro, disse não ter ficado surpreso com o anúncio do mandatário de que não apoiará candidatos a prefeito em municípios brasileiros por causa de compromissos na Presidência da República. O deputado lembrou ter sido um dos primeiros políticos a prognosticar que Bolsonaro não participaria da campanha municipal, dentro da estratégia de não desagradar candidatos aliados do seu governo que esperam seu apoio. Na época do palpite, Lemos argumentou que conhece bem o presidente e seu entorno político, tendo, portanto, autoridade para opinar.
Entrevistado esta semana em live da revista “IstoÉ”, o deputado paraibano falou sobre os bastidores da eleição presidencial de 2018, quando atuou como coordenador do esquema de Bolsonaro. “À época, Bolsonaro era um deputado caricato”, disse ele, contando que deu R$ 35 mil para o ex-ministro Gustavo Bebianno pagar dívidas do então deputado Jair Bolsonaro e que o mesmo Bebianno negociou com o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux a candidatura à presidência. Julian Lemos não perdoa os filhos de Bolsonaro, a quem chama de “moleques, perversos e vingativos”. Para ele, o pai-presidente perdeu o controle total dos filhos, que, por sua vez, agem “na zona sombria das fake news, de tenebrosas articulações políticas e negociatas de cargos”.
– Minha honra está acima de Bolsonaro. Os filhos do presidente não têm coragem de encarar seus desafetos. Eles gostam de rebaixar, humilhar e diminuir as pessoas. Eduardo Bolsonaro é um moleque, um demagogo – alfinetou Julian Lemos. O parlamentar paraibano acredita que o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas de opinião pública está umbilicalmente ligado ao auxílio emergencial de R$ 600,00. Para ele, a chegada do dinheiro aos bolsos das pessoas fez até os fogões sumirem das lojas. “Bolsonaro cresceu às custas do auxílio emergencial. Se continuar a pagar os 600 reais, daqui a quatro meses ninguém mais sabe quem é Lula no Nordeste”, comparou Julian, cujo nome completo e correto é Gulliem Charles Bezerra Lemos. A mídia sulista informa que a disputa de poder ao redor do Palácio do Planalto já vitimou vários bolsonaristas de carteirinha e destaca que Julian Lemos é uma deles.