Nonato Guedes
“Infelizmente, as águas da transposição do rio São Francisco ainda não chegaram ao sertão paraibano nem ao Ceará e precisamos verificar em que estágio está a conclusão da obra e qual é, agora, a previsão de chegada das águas”. O comentário foi feito pelo deputado Jeová Campos (PSB), presidente da Frente Parlamentar da Água e da Agricultura Familiar da Assembleia Legislativa da Paraíba, ao anunciar para amanhã uma visita técnica dos membros da Frente às obras de construção do canal que interligará os reservatórios de Caiçara e Engenheiro Ávidos, no município de Cajazeiras, e também ao reservatório Jati, no Ceará.
Em sessão remota na ALPB, o parlamentar anunciou a realização da visita, convidou deputados paraibanos a se integrarem à caravana e solicitou da Mesa Diretora da Casa Epitácio Pessoa o apoio da equipe técnica e cobertura da TV ALPB. A visita ocorrerá amanhã a partir das 9h, iniciando-se no reservatório de Jati, mais especificamente no local onde houve o rompimento de uma tubulação. De lá, o grupo segue para as obras do canal Caiçara/Engenheiro Ávidos. O engenheiro Alcenor de Paiva Silva, representante do Consórcio Supervisor do Eixo Norte, será o responsável por acompanhar a visita técnica. “A proposta é ver a atual situação das obras e o que falta para que as águas, efetivamente, cheguem à sua destinação”, revela Jeová.
Numa visita feita no ano passado, de acordo com o deputado, foi identificado o problema do Eixo Norte da transposição que atrasou a chegada das águas à Paraíba. Disse que quando foi inaugurada a estação de bombeamento número três, que era para encher a barragem de Negreiros, um dique dessa barragem se rompeu e, por isso, a obra atrasou. “Mas esse atraso, que deveria ser de um ano, já vai completar quase dois”, alerta Jeová, pontuando que o rompimento se deu logo após a inauguração da estação e, por isso, o enchimento dela não foi realizado. De acordo com seu relato, como a obra se intercala e uma etapa depende da outra, a impossibilidade do enchimento da estação de bombeamento número três em Negreiros (PE) comprometeu o transcurso da água, por gravidade, para os demais reservatórios, a exemplo do de Milagres, de Jati, de Pombos I e II, de Cana Brava, de Boa Vista e Caiçara. “Para encher esses reservatórios, nós precisamos de um ano de bombeamento, sem qualquer intercorrência. Passado um ano, queremos saber agora porque a água ainda não chegou ao sertão da Paraíba, apesar da obra estar praticamente pronta”, adiantou.
O Eixo Norte da transposição constitui-se em um percurso de aproximadamente 400 km, com ponto de captação de águas próximo à cidade de Cabrobó (PE). De acordo com o projeto, essas águas serão transpostas aos rios Salgado e Jaguaribe até os reservatórios de Atalho e Castanhão no Ceará, ao rio Apodi, no Rio Grande do Norte, e rio Piranhas-Açu na Paraíba e Rio Grande do Norte, chegando aos reservatórios de Engenheiro Ávidos e São Gonçalo, no sertão paraibano, além de Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte. Na visita realizada no ano passado também foi constatado que as barragens de Jati, Morros e Boa Vista já estavam todas prontas, porém, a operação desse sistema dependia da resolução do problema do dique que se rompeu em Negreiros. “Sem resolver o dique, nós não teremos água na Paraíba. Isso atrasou de forma bastante grave a obra. Nossa expectativa era ter água em 2019, mas, infelizmente, isso não aconteceu. Pelo que vimos na época, na barragem de Negreiros, a água só chegará no final de 2020. Agora, vamos verificar qual é esse novo prazo ou se esse prazo se mantém”, conclui Jeová.