Nonato Guedes
A definição de posições do Cidadania nas eleições municipais deste ano em João Pessoa e Campina Grande confirma a estratégia de “pulverização” de apoios adotada pelo “Cidadania”, partido que tem como expoente maior o governador João Azevêdo. Será a estreia de Azevêdo como líder de um agrupamento político – em 2018, ele foi eleito no primeiro turno pelo PSB, comandado e sob influência maciça do ex-governador Ricardo Coutinho, com quem rompeu após se sentir hostilizado na agremiação socialista. No pleito vindouro, na Capital, o Cidadania fechou posição de apoio à pré-candidatura do ex-senador Cícero Lucena, que concorre pelo PP (Partido Progressistas). Em Campina Grande, como anunciou ontem, Azevêdo apoia a candidatura da ex-secretária Ana Cláudia, do Podemos, esposa do senador Veneziano Vital do Rêgo, ainda filiado ao PSB.
Ontem, o senador Veneziano, em entrevista a uma emissora de João Pessoa, considerou natural a estratégia diferenciada que vem sendo adotada pelo governador João Azevêdo, opinando que ela reflete o interesse do chefe do Executivo em prestigiar aliados políticos e levar em conta peculiaridades locais nos diferentes municípios do Estado. Um outro exemplo da “pulverização” como tática empregada pelo esquema do governador diz respeito à disputa eleitoral em Guarabira, no brejo. Ali, o esquema oficial apoia a candidatura do ex-governador Roberto Paulino, do MDB, que enfrentará o PSDB como principal adversário. A definição de apoio a Roberto fez com que o deputado estadual Raniery Paulino, filho dele, renunciasse à liderança do bloco parlamentar de oposição na Assembleia e passasse a integrar a base de apoio ao governo Azevêdo.
O Cidadania está coligado com outros partidos em demais localidades médias e pequenas da Paraíba, conforme admite o presidente estadual Ronaldo Guerra, destacando que o governador João Azevêdo é o principal formulador da estratégia da legenda nas eleições deste ano. Ronaldo admite que a tática que será testada no dia 15 de novembro poderá, ou não, ter desdobramentos nas eleições de 2022, quando Azevêdo pleiteará a reeleição. Seguramente em João Pessoa há ensaio de compromisso da parte de Cícero quanto ao apoio a um novo mandato para Azevêdo, mas os líderes políticos preferem ser reticentes a respeito. Afinal, dentro do próprio PP, há a expectativa de uma candidatura da senadora Daniella Ribeiro ao governo do Estado em 2022. De concreto, há a certeza de parceria estreita entre governo do Estado e prefeitura da Capital na hipótese de eleição de Cícero.
Uma fonte política ressalta que as alianças estão pulverizadas este ano com mais intensidade em razão da predominância de fatores da política local, onde o embate entre grupos é mais profundo. Menciona-se, a propósito, como emblemática, outra particularidade envolvendo a disputa em João Pessoa e Campina Grande. O Cidadania não vai se coligar com o PP em Campina Grande. Na Rainha da Borborema, o PP apoia a candidatura do ex-deputado Bruno Cunha Lima, do PSD, tendo como vice o ex-secretário Lucas Ribeiro, filho da senadora do PP. Bruno foi o candidato escolhido pelo prefeito Romero Rodrigues para a sua sucessão dentro do seu bloco, competindo com o deputado Tovar Correia Lima, do PSDB. Romero e o ex-senador Cássio Cunha Lima são apoiadores do governo do presidente Jair Bolsonaro, enquanto o senador Veneziano Vital faz oposição ao governo federal.