Nonato Guedes
Aliados fiéis do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), aguardam que até a convenção para confirmar a candidatura da ex-secretária Edilma Freire à sua sucessão, haja um reforço do esquema político ligado ao gestor, que tem enfrentado debandada de ex-secretários da prefeitura, apontados como opções para a disputa de 15 de novembro e que chegaram a se afastar dentro dos prazos legais. Diego Tavares, Socorro Gadelha e, ultimamente, Daniela Bandeira, romperam com a liderança de Cartaxo por discordância na condução do processo que resultou na escolha de Edilma Freire, parente do prefeito, para concorrer. Diego e Socorro têm ensaiado conversas com o pré-candidato do PP, Cícero Lucena, e Daniela, que acenou com diálogo nesse sentido, resolveu “submergir” nas últimas horas. Há preocupação nas hostes do prefeito quanto às chances de vitória na disputa.
As críticas à “falta de habilidade” de Cartaxo na aglutinação de forças têm partido de várias frentes. A senadora Daniella Ribeiro, do PP, que apoia a candidatura de Cícero Lucena, disse que a saída de três secretários da prefeitura de João Pessoa, preteridos na disputa sucessória, se deveu à inexistência de articulação de Luciano. “Demonstrou uma falta de articulação por parte do prefeito, de diálogo ou reconhecimento aos que estiveram em sua gestão”, comentou a senadora em entrevista à rádio Pop FM. Ela destacou a necessidade de se abrir o leque de espaços, facilitando a política de alianças no processo eleitoral. “É preciso compreender que não está só dentro de casa a solução para o Estado. É fundamental prestigiar aliados e acolher suas colaborações”, enfatizou.
Até agora o Partido Verde não fixou a data de realização de sua convenção nem sinalizou nomes para compor a chapa encabeçada por Edilma Freire, no papel de vice. Cartaxo abriu conversações com o esquema do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que está indefinido sobre lançar candidatura própria ou se compor na majoritária, e alardeia contar com o apoio do Pros e do PRB. Além disso, vem investindo na atração de vereadores do “Avante”, o que já causou atritos com o presidente do diretório municipal em João Pessoa, deputado Felipe Leitão, partidário da candidatura do ex-senador Cícero Lucena. Daniela Bandeira, além de pedir exoneração da secretaria que ocupava, oficializou pedido de desligamento da sigla do PV.
Fontes bastante ligadas ao prefeito ressaltam que ele se mantém intransigente quanto à candidatura da ex-secretária de Educação Edilma Freire à sua sucessão, por considerá-la preparada e mais identificada com o projeto administrativo que vem executando há quase oito anos na Capital. Isto significa que o prefeito aceita negociar apenas a vaga de vice. Ele já chegou a dizer que Edilma promoveu uma “revolução silenciosa” na área da Educação em João Pessoa, com reflexos transformadores, e minimizou as reações de ex-secretários que foram preteridos na escolha de candidatura a prefeito. Luciano queixou-se que havia o compromisso de todos eles de aceitarem o resultado da escolha, fosse qual fosse, integrando-se sem problemas à campanha. Ele sofre críticas, porém, por ter feito pressão junto a secretários para que se filiassem ao PV, deixando-os, depois, impossibilitados de garantir espaço em outro partido a tempo de concorrer ao pleito de 15 de novembro.
Em 2012, quando se elegeu prefeito da Capital pela primeira vez, concorrendo pelo Partido dos Trabalhadores, Cartaxo foi beneficiado pelo apoio que recebeu do então prefeito Luciano Agra (PSB), e do aliado deste, Nonato Bandeira, que presidia o PPS e foi indicado a vice-prefeito, eleito. Cartaxo foi bafejado, igualmente, pelo apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que havia deixado o governo. Posteriormente, o prefeito surpreendeu ao próprio PT desfiliando-se da legenda e ingressando no PSD, do qual saiu para entrar no PV. No cenário atual, não há aliados de peso no entorno do esquema político liderado pelo prefeito em fim de mandato.