Nonato Guedes
O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que ficou sem fichas no jogo para as eleições a prefeito de João Pessoa este ano, passou a tentar manobras dramáticas nas últimas horas, na reta final para as convenções de homologação de candidaturas, com vistas a tentar sobreviver no cenário. Versões indicam que ele teria proposto ao PT, seu ex-partido, aliança em apoio à professora Edilma Freire, pré-candidata do PV do prefeito Luciano Cartaxo. Em contrapartida, o PT indicaria nome para a vice de Edilma, mas a sugestão não teve acolhida por parte da executiva estadual petista.
De concreto, o deputado estadual Anísio Maia mantém-se como pré-candidato do PT a prefeito, tendo como vice o empresário de Tecnologia da Informação Percival Henriques, do PCdoB. Na tarde de ontem, inclusive, Anísio e Percival se reuniram com a presidente do diretório municipal petista em João Pessoa, Giucélia Figueiredo, e com o presidente do diretório do PCdoB da capital Jonildo Cavalcanti para discutir conjuntura e preparativos das convenções, que acontecem até o dia 16. Anísio Maia voltou a destacar a “longa trajetória de lutas em comum” entre o PT e o PCdoB e fez referência à larga experiência de Percival Henriques em gestão pública.
As versões que circulam nos meios políticos dão conta de que Ricardo apelou para a própria Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores e para a intermediação da governadora petista do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, sem, no entanto, lograr êxito. Ricardo, inicialmente, trabalhou com a hipótese de se candidatar novamente à prefeitura de João Pessoa, mas recuou diante das acusações contra ele no âmbito da Operação Calvário, sobre desvio de verbas na Saúde e Educação do Estado e de embaraços policiais como o uso de tornozeleira eletrônica, que foi decretado pela Justiça e do qual se viu liberado. Na sequência, o ex-governador tentou viabilizar a candidatura da sua atual esposa, a ex-secretária Amanda Rodrigues, que nunca disputou mandatos eletivos, mas não encontrou receptividade a ela.
Por último, Ricardo, para não ficar excluído do processo eleitoral, ensaiou reaproximação com o prefeito Luciano Cartaxo, que está concluindo seu segundo mandato, e cuja pré-candidata à sucessão, Edilma Freire, ainda não decolou substancialmente. A imposição do nome de Edilma pelo prefeito, a pretexto de dar continuidade ao modelo administrativo que ele vem executando há oito anos na Capital, provocou defecções de pelo menos três secretários que haviam sido estimulados por Cartaxo a figurar como opções de candidatura no esquema – Diego Tavares, Socorro Gadelha e Daniela Bandeira. Os três, hoje, estão alinhados com a candidatura do ex-senador Cícero Lucena, do PP, que conta com a adesão do governador João Azevêdo e do partido Cidadania. Em termos de alianças para o pleito deste ano, o esquema do prefeito Luciano Cartaxo conseguiu apenas atrair o Pros e o PRB. Chegou a investir na composição com o PT, mas sofre restrições dentro da legenda por tê-la abandonado depois de ter sido eleito pela primeira vez em 2012.
Fontes do Partido dos Trabalhadores na Paraíba não consideram encerrados, ainda, eventuais entendimentos sobre o processo eleitoral na Capital entre o partido, o ex-governador Ricardo Coutinho e, sob restrições, com o esquema do prefeito Luciano Cartaxo. Mas comenta-se que a esta altura do campeonato as opções vão se tornando cada vez mais escassas. O esquema do prefeito Luciano Cartaxo é acusado de reeditar a estratégia desastrosa de 2018, na eleição ao governo do Estado, quando decidiu na undécima hora pela candidatura de Lucélio, irmão gêmeo do alcaide, tendo como vice a doutora Micheline Rodrigues, mulher do prefeito Romero Rodrigues, de Campina Grande. A chapa não foi sequer ao segundo turno. O vitorioso foi João Azevêdo, que, na época, teve apoio de Ricardo Coutinho.