Nonato Guedes, com agências
O Partido dos Trabalhadores, que enfrentou um revés eleitoral em 2016 ao perder inúmeras prefeituras e cadeiras em câmaras municipais, promete que atuará com força nas eleições deste ano, reafirmando o nome da legenda. A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), informa que serão mais de 1.600 candidatos petistas às prefeituras, quase o dobro das últimas eleições municipais. Entre os postulantes figura o deputado estadual Anísio Maia, consolidado como pré-candidato a prefeito de João Pessoa, depois de ter fechado aliança com o PCdoB, passando a contar com o professor Percival Henriques como candidato a vice.
Em entrevista ao programa “Poder 360”, veiculado no SBT, a presidente nacional Gleisi Hoffmann historiou que nas eleições de 2016 o número de candidatos chegou a 990. Nas eleições de 2012, foram 1.800 e, neste ano, são mais de 1.600. “O número de candidatos do PT agora é bem superior ao das eleições municipais de 2016. E temos um grande número, também, de candidatos a vereador. São mais de 21 mil candidatos e candidatas em todo o Brasil. O PT está mais animado. É um outro momento”, assegurou Gleisi Hoffmann. Na sua avaliação, a conjuntura é mais favorável ao PT devido a outros fatores, lembrando que em 2016 o revés foi motivado pelo clima político desencadeado pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, chancelado apenas um mês antes do pleito nos municípios.
Naquela ocasião, o Partido dos Trabalhadores perdeu, por exemplo, a prefeitura da capital paulistana, que era comandada por Fernando Haddad. Apesar de críticas oriundas da própria militância petista e de uma parcela do campo progressista, o partido confirmou no último sábado a candidatura de Jilmar Tatto à prefeitura da capital paulista, frustrando os planos de parte da esquerda para que houvesse uma união com a candidatura de Guilherme Boulos, do PSOL, que figura em segundo lugar na última pesquisa de intenção de voto. “Mesmo perdendo, com toda aquela conjuntura, a gente saiu com um fortalecimento político. Elegemos quatro governadores e a maior bancada de deputados federais e o Fernando Haddad saiu com uma votação expressiva, com mais de 47 milhões de votos”, explicou Gleisi Hoffmann ao justificar a “mudança de cenário” de 2016 para cá.
A petista avalia ainda que a má condução de Jair Bolsonaro nas políticas de enfrentamento à pandemia do coronavírus deve favorecer a oposição nos pleitos municipais, mesmo que o pagamento do auxílio emergencial tenha mantido uma certa popularidade do presidente em algumas regiões e camadas sociais. Para ela, Bolsonaro está fazendo uma investida, inclusive com a ajuda dos partidos do Centrão que atuam no Congresso. “Tem tido mais presença. Mas, de novo, quero repetir aqui: não é fácil o Bolsonaro ocupar esse espaço apenas com a renda emergencial”, pontuou Gleisi Hoffmann. Ela disse ainda que é possível que o PT estabeleça uma aliança com outro partido para disputar a presidência em 2022 e que, inclusive, abra mão da cabeça de chapa. Ponderou, contudo, que para que isso aconteça é preciso que o outro nome tenha votos.