Nonato Guedes
O deputado estadual Anísio Maia, que foi homologado em convenção pré-candidato do Partido dos Trabalhadores a prefeito de João Pessoa, convocou filiados e simpatizantes para a Plenária da Militância Petista, programada para hoje, às 19h, pela sala zoom, destinada a avaliar a reação ao processo de intervenção decretado pela direção nacional do PT, que anulou as decisões referentes à chapa majoritária, mantendo apenas deliberações sobre lançamento de candidatos a eleições proporcionais. A direção nacional, através da presidente Gleisi Hoffmann, sinalizou que a posição da cúpula é pelo apoio à candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), com o PT indicando candidato a vice. Anísio se diz inconformado com o que qualificou como “ato de força” e se dispôs a resistir.
Enquanto isso, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores, presidido por Giucélia Figueiredo, convocou entrevista coletiva para as 11h de hoje, na sede partidária, para tratar sobre a intervenção do diretório nacional. Devido às normas sanitárias que obedecem a protocolos de segurança para prevenção ao coronavírus, a coletiva será exclusiva para profissionais de imprensa, desde que estejam utilizando máscaras. A entrevista contará com a participação do pré-candidato homologado pelo partido, Anísio Maia, a presidente Giucélia Figueiredo, o deputado federal Frei Anastácio Ribeiro e os vereadores Marcos Henriques e Sandra Marrocos. Anísio Maia insistiu ontem em afirmar que o processo de homologação de sua pré-candidatura foi “perfeitamente jurídico” e que atendeu a todos os requisitos previstos em lei. Na ocasião foi aprovada coligação com o PCdoB, que indicou o nome de Percival Henriques para vice na chapa encabeçada por Anísio.
Anísio continua a receber manifestações de solidariedade, inclusive de ex-parlamentares e militantes do Partido dos Trabalhadores, que repudiaram a decretação de intervenção no diretório de João Pessoa, conduzida pela cúpula nacional. O ex-deputado federal Avenzoar Arruda, em declarações ao portal “Wscom”, disse que o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), apontado como mentor de gestões junto à cúpula nacional petista para desautorizar a convenção que homologou Anísio, é um político com qualidades, “mas sempre foi autocrata, não respeita decisão democrática e só ele manda”. Atualmente filiado ao PSOL, que tem como pré-candidato a prefeito de João Pessoa Pabblo Honorato, Avenzoar Arruda relembrou crises pessoais na fase em que foi filiado ao PT paraibano com a participação ativa de Ricardo Coutinho.
Arruda, que é professor, lembrou que além de Anísio Maia já foram vítimas do posicionamento autocrata de Ricardo o ex-deputado federal Luiz Couto, quando candidato a prefeito em 2000, ele mesmo, em 2002, quando candidato ao governo do Estado, NadjaPalitot na presidência estadual do PSB, Luciano Agra como vice-prefeito e, mais recentemente, João Azevêdo, que Ricardo apoiou em 2018 para, logo em seguida, romper com sua liderança. Em tom de ironia, depois de recapitular episódios conhecidos, Avenzoar Arruda expressou: “Será que vão estranhar a posição de Ricardo somente agora?”. Contou que foi candidato ao governo estadual em 2002 com o compromisso de que também pudesse ser candidato a prefeito de João Pessoa em 2004. Em 2000, conforme Avenzoar, Ricardo não aceitou ser candidato a prefeito porque não aceitava a indicação do PT a vice. Ele mesmo queria fazer a escolha e, à época, contestou Walter Aguiar, presidente do diretório. “Por isso, Luiz Couto foi candidato sem apoio de Ricardo”, acrescentou. Por fim, historiou que em 2004 ele não aceitou se submeter ao crivo de pesquisas para indicação de nome de candidato no PT e acabou se infiltrando no PSB que era dirigido por NadjaPalitot.