Nonato Guedes, com agências
Das 26 Capitais do país, 25 podem ter mais candidatos a prefeito neste ano que no último pleito, de 2016. O número total, que ainda sofrerá alterações com o registro final na Justiça Eleitoral, deve ser o maior em pelo menos 20 anos. Especialistas afirmam que o fim das coligações para vereadores e o maior rigor da cláusula de barreira para as eleições de 2022 estão por trás do aumento de candidaturas neste pleito, revela o G1. São, pelo menos, 311 candidatos aprovados em convenções para a disputa das eleições deste ano nas 26 Capitais brasileiras.
O número pode mudar tendo em vista que a Justiça Eleitoral precisa ratificar o registro das candidaturas e pode haver desistências, como ocorrem todos os anos. Uma desistência já foi registrada ontem, 17, em Palmas, Tocantins, por exemplo. Em João Pessoa, anteontem, o deputado estadual Eduardo Carneiro, do PRTB, que vinha defendendo o empreendedorismo como bandeira principal, desistiu da pré-candidatura e passou a se compor com o candidato Cícero Lucena, do PP. No geral, as projeções sinalizam que 2020 deverá ser o ano com o maior número de candidatos registrados nas Capitais dos últimos 20 anos. Isso porque, no ano com o maior número de candidatos (2016) houve 209 postulantes ao cargo no Executivo nas Capitais, dado bem inferior.
Quarta-feira passada (16) foi o último dia permitido para a realização das convenções, eventos em que os candidatos são oficializados pelos partidos. Belo Horizonte (Minas Gerais), Curitiba (Paraná) e Porto Velho (Rondônia)são as Capitais com o maior número de candidaturas aprovadas em convenções: 16. Porto Velho, aliás, é a capital que deve ter o maior número de concorrentes em relação às eleições de 2016. Há quatro anos, sete candidatos concorreram para o cargo de prefeito, ou seja, um aumento de quase 130%. Em São Paulo e no Rio, caso todos sejam aprovados e não haja nenhuma desistência de última hora, serão 14 candidatos em cada uma das cidades. Foram 11 em ambas no pleito passado.
Campo Grande (MS) é a única cidade, até agora, com menos candidatos neste ano. Um a menos. Mas essa diferença pode ser maior, já que os dados de 2016 só contam os candidatos registrados, de fato, no TSE. Na eleição passada, por exemplo, houve 19 candidatos oficializados em convenções em Campo Grande, mas três deles desistiram antes mesmo de se registrar no TSE (alguns porque resolveram virar vices em outras chapas). Isso pode acontecer em outras cidades. Esta será a primeira vez em que os vereadores não poderão concorrer por meio de coligações. A emenda da reforma eleitoral que aborda o fim das coligações em eleição proporcional foi promulgada pelo Congresso em 2017. Com isso, o candidato a uma cadeira na Câmara Municipal, por exemplo, poderá participar do pleito somente pelo partido ao qual está filiado, sem a formação de coligações, como em vezes anteriores.
Para o cargo de prefeito (eleição majoritária) continua sendo possível a união de diferentes partidos em apoio a um candidato. O especialista em direito eleitoral Acacio Miranda afirma que quando havia coligações para a eleição de vereador, partidos grandes e pequenos – os chamados “nanicos” – se uniam. Dessa forma, os votos dos nanicos eram utilizados na soma para que o quociente eleitoral fosse atingido e para que os candidatos dos partidos grandes conseguissem ser eleitos. Como não há coligação, o nanico deixou de ser interessante, relata Acacio. “A partir disso, eles tiveram a necessidade de lançar os próprios candidatos a vereador de forma competitiva. E o único jeito de fazer isso para o cargo de vereador é vinculando a imagem desse candidato a um candidato ao cargo de prefeito”, diz Miranda. Por isso, segundo o especialista, faz sentido que muitas cidades do país tenham um aumento nas candidaturas a prefeito. “Vai acontecer de uma forma geral, principalmente nas cidades grandes, em que os partidos têm mais valor”, acrescenta.