Nonato Guedes
A reviravolta no cenário pré-eleitoral para a prefeitura de João Pessoa este ano descambou para o “samba do crioulo doido”. Contrariando o pré-candidato do PSB a prefeito Ricardo Coutinho, que mobilizou o PT nacional para ter apoio da legenda na corrida em João Pessoa, o presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro, Carlos Siqueira, em declarações ao “Valor”, rejeitou a possibilidade de aliança com os petistas na Capital paraibana. Textualmente, ele afirmou: “Não pedimos o apoio do PT. Se o PT deu (o apoio) com a intenção de uma aliança em 2022, que retire esse apoio e respeite a decisão do diretório municipal petista”. Siqueira revelou ainda que o OS “não precisa do PT” nestas eleições.
O diretório municipal petista em João Pessoa realizou convenção na undécima hora dos prazos legais e homologou a candidatura própria do deputado estadual Anísio Maia a prefeito, tendo como vice Percival Henriques, do PCdoB. Anísio acabou sendo surpreendido com o anúncio feito pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, de intervenção no diretório do partido na Capital paraibana, em meio à proposta de apoio a Ricardo por conta da “relevância dele no processo político local e nacional” e para construir “um bloco que proporcione a unidade da esquerda”. Conforme a direção nacional petista, a aliança com o candidato do PSB e ex-governador da Paraíba poderia ajudar, também, na construção de uma frente de esquerda contra o presidente Jair Bolsonaro.
O site nacional do PSB, que fez o registro de convenções em várias capitais brasileiras, deu destaque ao evento que homologou a pré-candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho, sem fazer menção, porém, a qualquer apoio do PT. O enfoque foi dado às declarações de Ricardo Coutinho sobre a importância estratégica de sua candidatura, além de recapitular episódios das suas passagens pela prefeitura de João Pessoa e pelo governo do Estado. O impasse sobre o caso está para ser apreciado pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. O diretório municipal petista, presidido por Giucélia Figueiredo, já cadastrou a chapa encabeçada por Anísio Maia, sem previsão de análise. Giucélia argumenta que todas as exigências legais foram atendidas e que o nome de Anísio já havia sido pré-indicado por unanimidade. O deputado Anísio Maia, em sua última declaração, deixou claro o propósito de “resistir” à intervenção do diretório nacional, que qualificou de “ato de força”. Mas ele desconvocou uma plenária virtual com militantes do PT e desmarcou uma entrevista coletiva que havia anunciado para as últimas horas. Está aguardando a evolução dos acontecimentos, segundo fontes do PT.