Nonato Guedes, com agências
Com o afastamento temporário do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), o ex-senador e empresário Ney Suassuna (Republicanos-PB) vai voltar ao Senado. Suassuna é suplente de Veneziano, que pediu licença para se afastar da Casa a fim de se dedicar ao pleito municipal de 2020. A esposa de Veneziano, Ana Cláudia Vital, do Podemos, é candidata a prefeita de Campina Grande nas eleições de 15 de novembro e o parlamentar tem se constituído no principal cabo eleitoral dela, articulando apoios e colaborando na formação da equipe logística de campanha. Ana Cláudia, além de enfatizar ideias próprias, e novas, para o desenvolvimento de Campina Grande, ressalta em seus pronunciamentos iniciativas valiosas que, a seu ver, foram implementadas pelo marido nos dois mandatos que exerceu à frente da municipalidade da Rainha da Borborema.
O site “Congresso em Foco”, em matéria assinada por Flávia Said, ao noticiar o retorno de Ney Suassuna ao Senado, mencionou denúncias formuladas contra o empresário. Em agosto do ano passado, a Justiça Federal no Paraná recebeu denúncia da força-tarefa da Lava-Jato contra Suassuna. Ele é investigado pelos crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito de contratos de afretamentos de navios da Petrobras vigentes entre 2006 e 2008, os quais geraram, pelo menos, U$ 17,6 milhões em propinas e comissões ilícitas. No Senado entre 1994 e 2007, Suassuna já foi filiado ao PMDB e ao PSL e também assumiu o Ministério da Integração Nacional entre 2001 e 2002no governo Fernando Henrique Cardoso.
Ney Suassuna, que era conhecido na mídia como “trator” no período em que foi representante da Paraíba no Senado, pela desenvoltura com que agia no âmbito do governo federal para liberar recursos e obras em favor do Estado, volta a dividir bancada com um ex-aliado que rompeu com ele – o emedebista José Maranhão, presidente do diretório regional do MDB na Paraíba. Em 1998, eles formaram dobradinha para a disputa ao governo do Estado e ao Senado. A estreia de Ney na atividade política deu-se em 1982, concorrendo ao Senado por uma sublegenda do PMDB, com resultado adverso. Ele teve apoio do ex-governador e ex-senador Antônio Mariz para ingressar na política, bem como do falecido senador Humberto Lucena, que presidiu o Congresso Nacional.
Habilidoso politicamente, Ney Suassuna chegou a ser líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, no Senado e, na Paraíba, depois de se aliar a políticos como José Maranhão e Cássio Cunha Lima, aliou-se, também, ao ex-governador Ricardo Coutinho, atualmente pré-candidato a prefeito de João Pessoa pelo PSB e que é mencionado em acusações de desvio de recursos públicos da Saúde e da Educação no âmbito da Operação Calvário. Suassuna tentou ser candidato ao governo do Estado pelo PMDB, mas foi vetado por Maranhão, em meio a divergências que estremeceram as relações entre ambos. Ultimamente tentou conquistar uma cadeira na Academia Paraibana de Letras, mas foi derrotado no páreo.