Nonato Guedes, com agências
Em pronunciamento de rádio e TV na noite de ontem, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, alertou o eleitor para os riscos de dois vírus: o da pandemia do coronavírus e o das “fakenews” (notícias falsas). A campanha eleitoral começa neste domingo, 27, em todo o país. Barroso foi taxativo: “Há um outro vírus que ronda as eleições, capaz de comprometer não a saúde pública, mas a própria democracia. Trata-se das notícias falsas, das campanhas de desinformação e de difamação”. O ministro pediu que candidatos e eleitores façam uma campanha limpa e sem ódio, em favor da democracia.
-Vamos fazer uma campanha com debate público de qualidade, franco e robusto, mas com respeito e consideração pelas pessoas e por suas ideias, mesmo que diferentes das nossas – conclamou o presidente do TSE. Barroso, que também é ministro do Supremo Tribunal Federal, destacou os cuidados que serão tomados pela Justiça Eleitoral ao longo do processo de escolha de prefeitos e vereadores e recomendou distanciamento social e outras medidas preventivas contra o coronavírus. “A principal forma de transmissão da doença ocorre quando uma pessoa fala ou respira próxima da outra. Por essa razão, as recomendações mais importantes são: evitar aglomerações, manter distância mínima de um metro das outras pessoas e sempre utilizar máscara”, declarou.
Além disso, o presidente da Corte afirmou que as reuniões devem ser feitas em lugares abertos e deve-se evitar a distribuição de impressos. “Sempre que possível lave as mãos ou utilize álcool gel ou com algum objeto. Com esses cuidados, fica minimizado o risco de contaminação”. Luís Roberto Barroso esclareceu que a Justiça Eleitoral está pronta para prestar informações necessárias e dirimir dúvidas porventura existentes junto a grupos de eleitores acerca dos procedimentos da disputa eleitoral deste ano. Até a tarde de sexta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral registrou mais de 100 candidaturas com o chamado nome social, ou seja, o nome pelo qual pessoas transexuais, travestis ou outros preferem ser chamadas, ao invés daquele registrado em cartório, que não reflete sua identidade de gênero.
É a primeira vez que a possibilidade poderá ser adotada por candidatos municipais. A medida foi aprovada em 2018 e os partidos desses candidatos variam, vão da esquerda, onde tradicionalmente encontram guarida, à direita. Uma reportagem do site “Congresso em Foco” menciona o exemplo de Sharlene Rosa, mulher trans, candidata a vereadora em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, pelo Solidariedade. Esta é a terceira vez que Sharlene concorre ao cargo. As vezes anteriores, porém, foram pelo Partido dos Trabalhadores (PT). De acordo com a candidata, a mudança de lado se deu por achar que o atual grupo político do Rio de Janeiro tem mais a agregar em sua campanha. “O PT perdeu o governo, isso é tudo troca. Não pensei em mim, mas no grupo”, explicou, acrescentando que faz parte de uma direita “sem agressividade”.
Levantamento feito pela Aliança Nacional LGBTI+ projeta que as eleições de novembro terão 584candidatos a vereador e 15 a prefeito ligados ao movimento LGBTI+. Dos candidatos que fazem parte do levantamento da Aliança, 69 se identificam como mulheres trans, 17 como travestis e 11 como homens trans. As candidatas podem ser registradas com nome social no site do Tribunal Superior Eleitoral. Para Toni Reis, presidente nacional da Aliança LGBTI+, o nome social no registro da candidatura significa “inclusão, respeito e cidadania respeitando a dignidade humana”. As candidaturas para o pleito de 2020 estão sendo registradas em sua maioria pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pelo Psol, mas PSDB, PSL, DEM, que são partidos com traços conservadores, também têm candidatos LGBTI+, segundo o levantamento da Aliança.