Nonato Guedes
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) ainda detém uma bancada expressiva na Assembleia Legislativa da Paraíba mas a maioria dos deputados não segue qualquer orientação do ex-governador Ricardo Coutinho, espécie de presidente de honra da legenda, cujo presidente, de fato, a nível estadual, é o deputado federal Gervásio Maia. Os parlamentares que se distanciaram da liderança de Ricardo estão alinhados com o governador João Azevêdo, geralmente votam a favor de matérias por ele encaminhadas ao Legislativo e, conforme versões, estão aguardando a abertura de “janela partidária” em 2022 para optarem por outras legendas.
Não há interesse de deputados do PSB em precipitar desfiliação da legenda pelo receio de punição, com possível perda de mandato, acionada pela direção estadual sob influência direta do próprio Ricardo, que comanda nacionalmente a Fundação João Mangabeira, uma espécie de instituto de estudos políticos do partido. A legislação atual prevê a desfiliação apenas em fatos comprovados de “justa causa”. Mas, “em off”, parlamentares ainda filiados ao PSB informam que não mantêm nenhum contato político com o ex-governador nem têm sido chamados para discussões, por exemplo, sobre estratégias referentes às eleições municipais deste ano na Paraíba. Figuram entre os deputados estaduais filiados o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, o líder do governo João Azevêdo, Ricardo Barbosa, as deputadas Cida Ramos, Estela Bezerra e Pollyanna Dutra e os deputados Hervázio Bezerra, Rubens (Buba) Germano, Jeová Campos.
Cida Ramos tem sido flexível na votação a favor de algumas matérias encaminhadas pelo governo João Azevêdo, enquanto Estela Bezerra é mais independente em relação à atual administração. Ambas, porém, são tidas como discípulas de Ricardo Coutinho. O esfacelamento dos quadros do PSB, em termos concretos, deu-se em municípios do interior paraibano. O desfalque maior foi causado pela saída do governador João Azevêdo, que protestou, indignado, contra a dissolução do antigo diretório regional com a destituição de seu secretário de Governo Edivaldo Rosas da presidência da legenda. Pouco tempo depois, Azevêdo assinou ficha de filiação ao “Cidadania”, que tem atuação marcante nas eleições deste ano e pretende se expandir para reforçar a campanha do governador à reeleição em 2022.
A nível federal elegeram-se pelo PSB no pleito de 2018 o senador Veneziano Vital do Rêgo e o deputado Gervásio Maia, ex-presidente da Assembleia Legislativa. Veneziano tem procurado conciliar estratégias de sobrevivência política na Paraíba, evitando ficar na condição de refém. Sua mulher, a ex-secretária de Estado Ana Cláudia, por exemplo, é candidata a prefeita de Campina Grande nas próximas eleições pelo partido Podemos. Em paralelo, aliados políticos do deputado Adriano Galdino, presidente da ALPB, têm se espalhado por outras legendas, entre as quais o “Avante”, cujo comando estadual Galdino poderá vir a assumir proximamente, conforme desejo antigo manifestado pelo deputado Genival Matias, que faleceu devido a um mal-estar durante passeio de jetsky no litoral de Pernambuco.
Há expectativa nos meios políticos paraibanos quanto ao desempenho do PSB nas eleições municipais deste ano na Paraíba, diante do prognóstico de que o pleito demonstrará o esvaziamento da legenda em diferentes regiões do Estado, dada a falta de empenho da direção estadual com vistas ao seu fortalecimento. O ex-governador Ricardo Coutinho, de sua parte, está com as atenções voltadas em tempo integral para a disputa em João Pessoa, onde se inscreveu como candidato a prefeito e trava, na Justiça Eleitoral, uma queda-de-braço com o PT para contar com o petista Antônio Barbosa na sua vice, mediante coligação que foi deliberada na convenção socialista. Já a convenção municipal petista optou pela chapa Anísio Maia a prefeito e Percival Henriques, do PCdoB, a vice-prefeito, mas foi desautorizada pelo diretório nacional, que protocolou no TRE a coligação em apoio a Ricardo Coutinho e Antônio Barbosa.