Nonato Guedes
Ao divulgar, ontem, mais uma avaliação do Plano Novo Normal, com análise situacional da pandemia da Covid-19, o governo da Paraíba alertou para o risco sanitário no retorno das aulas presenciais em estabelecimentos de ensino. O secretário executivo de Gestão de Redes de Saúde, Daniel Beltrammi, reiterou as recomendações quanto à necessária sustentação das medidas preventivas para impedir o crescimento do número de casos e de óbitos e manter os avanços já alcançados em todo o Estado. A classificação passa a vigorar a partir de amanhã, dia 5. E a nona avaliação mostra que parte significativa dos municípios que se encontravam em bandeira amarela na oitava avaliação permaneceram nesta condição, representando 81% dos municípios paraibanos.
Foram constatadas transições de algumas bandeiras para a bandeira amarela. Outros nove municípios transitaram da bandeira amarela para a bandeira laranja, que teve sua participação elevada para 14% dos municípios paraibanos. Já outros seis municípios saíram da bandeira amarela para a bandeira verde, que teve sua participação reduzida para 5% dos municípios paraibanos. Beltrammi explica que para a classificação das bandeiras o Gabinete de Crise Covid-19 utiliza quatro indicadores: taxa de progressão de casos novos, taxa de letalidade observada, taxa de ocupação hospitalar em UTI e taxa de obediência ao isolamento social. Além disso, é considerada a taxa de transmissão do vírus calculada pela Fiocruz, bem como o percentual de imunidade populacional. O R hoje é de 1,1 e a taxa de imunização da população atingiu 17%, esclareceu.
Na análise e projeções quanto a cenários de retomada das atividades educacionais mediante novos protocolos, a Nota Técnica informa que o Estado da Paraíba tem mais de 994.000 crianças e adolescentes matriculados nos mais variados ciclos educacionais, o que representa 24,63% da população do Estado estimada para 2020. Destes, 85,52% são estudantes da rede pública e 18,48% da rede privada de ensino. É feita uma comparação com países que aprovaram a retomada de aulas presenciais, como os Estados Unidos, onde entre os meses de abril a setembro de 2020 autoridades sanitárias e a Academia Americana de Pediatria alertaram para um crescimento expressivo do número de casos da Covid-19 entre crianças e adolescentes, da ordem de 500%, ante ao contexto da retomada das atividades educacionais mediante novos protocolos em alguns de seus Estados.
“Trazendo métodos similares de projeção e análise de riscos para o Estado da Paraíba, a fim de que se orientem tomadas de decisão sobre retomada das atividades educacionais presenciais com novos protocolos, pode-se obter crescimento médio do número de casos nas faixas etárias escolares da ordem de pouco mais de 250%, o que representaria cerca de 20.000 novos casos nas faixas etárias de 0 a 19 anos, entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021. O documento reforça que toda e qualquer retomada de atividades rotineiras deve ocorrer preferencialmente em atenção aos riscos apontados pelo Plano Novo Normal, por meio de suas bandeiras, e aos protocolos definidos pelas autoridades sanitárias competentes. Nesse sentido, a Secretaria de Saúde do Estado disponibiliza um importante conjunto de protocolos em seu portal a respeito da Covid-19.
Beltrammi destaca a importância da ampla divulgação das medidas não farmacológicas de combate à Covid-19 a serem praticadas todos os dias por toda a população paraibana, que são as ações que mais salvam vidas em todo mundo. “Sabe-se que as mais eficazes medidas protetivas da população são o uso ostensivo de máscaras, a lavagem das mãos e a manutenção de distanciamento social o quanto possível”, afirmou o secretário. Estas medidas, conforme adiantou, também devem alcançar as crianças, “que, ao contrário do que se propala, não são imunes à Covid-19; pelo contrário, também estão expostas aos riscos de manifestações graves da doença, como recentemente visto na Síndrome Inflamatória Multisstêmica da Pediatria. Na Paraíba, já são sete os casos confirmados de SIMP, estando outros cinco casos suspeitos em investigação”, informou o secretário. O documento deixa claro que futuras melhoras da situação da Covid-19 na Paraíba dependerão muito ainda da maior adesão de toda a população às três medidas mais protetoras da saúde e da vida das pessoas. Reforça Daniel Beltrammi: “Usar máscaras, lavar as mãos e manter o distanciamento social, gestos que mais representam este “Novo Normal” que vivemos e que precisarão estar cada vez mais presentes em nosso cotidiano. Trata-se do que se pode convencionar chamar de “efeito escolha”, ou seja, a melhor decisão em favor da proteção e preservação da saúde e da vida”.