Nonato Guedes, com agências
Dispensada pelo SBT um mês antes do fim do seu contrato, a apresentadora Rachel Sheherazade contou que foi perseguida “antes, durante e após a campanha de 2018 por não compactuar com o bolsonarismo”. A jornalista paraibana estava na emissora de Sílvio Santos desde 2011 e revelou ao “Notícias da TV” que foi contratada para nova empreitada profissional, no portal Metrópoles, menos de 24 horas depois do rompimento com sua antiga empresa. Ele passa a conduzir rodadas de entrevistas com diferentes personalidades de expressão nacional.
Sheherazade foi destaque na edição desta semana da revista “Istoé”. Em uma longa entrevista, afirmou que passou de “musa da direita à traidora esquerdopata” pelas críticas que fez contra o presidente Jair Bolsonaro. Além disso, Rachel voltou a mencionar que o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, pediu a sua demissão. “No ano passado, o empresário manifestou no Twitter sua satisfação e alegria com relação à demissão de colegas meus do SBT. O senhor Luciano Hang chamou-os de comunistas. E, por fim, disse no Twitter: “Está faltando demitir a Sheherazade”, relembrou ela. Antes de criticar Bolsonaro, a jornalista era reconhecida por suas opiniões contundentes contra os governos do Partido dos Trabalhadores.
Questionada se ela teria dito ser bolsonarista em algum momento, Sheherazade negou e comentou sobre as perseguições que enfrentou . “Tenho a consciência muito tranquila de ter alertado meus ouvintes e seguidores sobre o perigo que seria a eleição de mais um populista. Fui muito perseguida antes, durante e após a campanha de 2018 exatamente por não compactuar com o bolsonarismo ou qualquer outra ideologia que se assemelha ao fascismo”, reforçou a âncora para a “Istoé”. Quando chegou no SBT, procedente da TV Tambaú, de João Pessoa, Rachel tinha liberdade total para opinar. Mas, aos poucos, o dono da emissora passou a sofrer pressão por parte dos patrocinadores, que não concordavam com as falas da jornalista. Sílvio a proibiu de falar o que pensa, reduziu seu espaço no ar e a demitiu.
Desde terça-feira, 29, Sheherazade integra o time do Metrópoles, onde apresentará um programa de entrevistas e debates nas plataformas digitais do portal de notícias. Antes de ter confirmada a saída do SBT, Sheherazade teve o nome relacionado a possíveis reforços do jornalismo da Band, da CNN Brasil e até mesmo da rádio Jovem Pan, onde trabalhou durante dois anos. Ela disse que pode voltar à TV em breve. “Recebi uma proposta para voltar à televisão, mas estamos conversando ainda. Há dois projetos nesse sentido. Mas depois da surpresa de ter sido avisada por e-mail que não preciso cumprir o meu contrato, recebi a grata surpresa de uma contratação pelo portal Metrópoles. Nem deu tempo de ficar triste”, minimizou a âncora. Para contornar a proibição imposta por Sílvio Santos de emitir opiniões no telejornal SBT Brasil, Rachel passou a se manifestar em um canal no YouTube.
O empresário Sílvio Santos chegou a dizer-lhe, publicamente, que ela (Sheherazade) não havia sido contratada para emitir opiniões sobre assuntos polêmicos e, sim, para “ler notícias”. Na época em que foi contratada, quando trabalhava na TV Tambaú em João Pessoa, ela chamou a atenção de Sílvio Santos justamente pela desenvoltura com que fez críticas a prévias carnavalescas na capital paraibana. Chegou a se destacar, inicialmente com críticas a governos petistas e tornou-se matéria em capas das principais revistas de informação do país. As pressões de anunciantes começaram, todavia, a se intensificar junto a Sílvio Santos, que, de forma pragmática, decidiu abrir mão do concurso da jornalista paraibana. Ela passou cerca de uma década dividindo a bancada do SBT Brasil em São Paulo com apresentadores de renome como Joseval Peixoto e Carlos Nascimento.