Nonato Guedes
O ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), candidato a prefeito de João Pessoa, que pontuou na primeira pesquisa Ibope/TV Cabo Branco com 12% das intenções de voto, agora está liberado para participar, se quiser, de debates com outros postulantes em emissoras de televisão, bem como de outros eventos de campanha, no período noturno. Até então, cumprindo determinação judicial, como uma das medidas cautelares no âmbito da Operação Calvário, ele tinha que cumprir “recolhimento noturno” mas, ontem, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu livrá-lo da restrição, com o voto contrário da ministra Laurita Vaz.
A sanção restritiva obrigava o ex-governador e ex-prefeito de João Pessoa a se recolher em casa das 20h às 5h, o que o levou a recorrer a instâncias superiores da Justiça para garantir espaço de mobilidade. Anteriormente, já como pré-candidato a prefeito de João Pessoa, Coutinho conseguiu livrar-se do uso da tornozeleira eletrônica, alegando defeitos no equipamento e possível contaminação pelo novo coronavírus. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, deferiu o pleito do ex-gestor para livrar-se da tornozeleira. Embora seja classificado como integrante do “grupo de risco”, no contexto da epidemia do coronavírus, Ricardo tem participado regularmente de reuniões em bairros e com grupos sociais, para discutir problemas de interesse da Capital e propostas de solução que deseja incorporar ao plano de governo.
Assessores próximos do candidato socialista afirmam que ele não tem interesse em ir a debates com outros postulantes à prefeitura de João Pessoa, por avaliar que eles são repletos de “baixarias”. Em vídeos e postagens em redes sociais, entretanto, o ex-governador atacou adversários políticos com palavras de baixo calão, referindo-se a Wallber Virgolino, candidato do Patriota, como “tribufu” e a Nilvan Ferreira, do MDB, como “cuspidor de microfone”. Wallber aparece na primeira pesquisa do Ibope com 10 pontos percentuais nas intenções de voto à prefeitura pessoense, enquanto Nilvan, que apresentou programa no Sistema Correio de Comunicação, figura com 15%, abaixo apenas do candidato Cícero Lucena, do PP. Mesmo com a liberação do recolhimento domiciliar, outras medidas cautelares continuam vigorando –o ex-governador, por exemplo, fica proibido de deixar a Paraíba. Ele é presidente da Fundação João Mangabeira, instituto de estudos políticos do PSB nacional, com sede em Brasília.
O ex-governador, que deixou o cargo em dezembro de 2018 e, logo em meados de 2019 passou a enfrentar denúncias de suposto desvio de recursos públicos da Saúde e Educação à frente da administração estadual, chegou a ser preso por um dia e submetido a audiência de custódia no Tribunal de Justiça do Estado. Tem negado as acusações de participação em irregularidades e, sobretudo, a de chefiar uma organização criminosa formada para saquear os cofres públicos. A maior turbulência que ele tem causado no processo eleitoral em João Pessoa, porém, diz respeito à queda de braço com o PT municipal para ter o apoio do partido à sua candidatura. Embora tenha ganho o apoio do diretório nacional e chegado a indicar o petista Antônio Barbosa como seu vice, Ricardo perdeu o primeiro round quando o juiz Fábio Leandro considerou legítima a convenção que escolheu Anísio Maia como candidato próprio do PT a prefeito, tendo como vice Percival Henriques, do PCdoB, em coligação. Na fase atual, tanto Coutinho como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, tentam reverter a decisão do magistrado acionando esferas superiores da Justiça Eleitoral.