Nonato Guedes
A expectativa nos meios políticos pessoenses é sobre os desdobramentos da polêmica que foi judicializada acerca da candidatura própria do PT a prefeito de João Pessoa. Uma decisão do juiz Fábio Leandro de Alencar Cunha, da Sexagésima Quarta Zona Eleitoral da Capital, reconheceu como legítima a chapa encabeçada pelo deputado estadual Anísio Maia a prefeito, tendo como vice Percival Henriques, do PCdoB, mediante coligação, homologada em convenções respectivas dos partidos, que foi, porém, contestada. Anísio, até agora, tem tido espaço no Guia Eleitoral como candidato oficial do PT, aparecendo, também, nas inserções rápidas da programação dos meios de comunicação. A direção nacional do PT, presidida pela deputada Gleisi Hoffmann, decretou intervenção no diretório petista pessoense e oficializou apoio à candidatura de Ricardo Coutinho (PSB), tendo como vice o petista Antônio Barbosa.
A decisão do juiz Fábio Leandro foi pela exclusão de Antônio Barbosa da chapa de Ricardo, o que levou o socialista a recolocar como vice a ativista Paula Frasssinete, do PSB. A direção nacional do PT, enquanto isso, impetrou recurso junto ao Tribunal Superior Eleitoral e está no aguardo de sua apreciação. O recurso defende a aliança com os socialistas, o que talvez torne provisória a condição de Paula como vice. Paula já foi vereadora por João Pessoa e chegou a figurar como vice de Ricardo após seu nome ser homologado na convenção ocorrida no dia 16 de setembro. Dias depois, no entanto, a ambientalista pediu para sair alegando problemas de saúde, tendo voltado após o impasse jurídico registrado. Para o juiz, houve regularidade na homologação da candidatura do deputado Anísio Maia, tendo sido cumpridas as exigências legais.
O embate opõe Anísio e o diretório municipal pessoense, presidido por Giucélia Figueiredo, à direção nacional do PT, que considera o ex-governador Ricardo Coutinho um aliado do petismo e o adversário mais destacado do quadro político paraibano contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. As versões sinalizam que o diretório nacional petista havia fechado acordo com o socialista para a disputa eleitoral, tendo um nome do PT na vice. O PT nacional comunicou à Justiça Eleitoral sobre a intervenção e agiu no sentido de impugnar a candidatura de Anísio, providência que não foi observada por Ricardo Coutinho. Em 2004, Ricardo Coutinho concorreu à prefeitura pessoense pela primeira vez pelo PSB, depois de ter se desfiliado do PT, onde não encontrou apoio para viabilizar a postulação. Ele foi eleito, sendo reeleito em 2008. Em 2010, novamente pelo PSB, elegeu-se governador da Paraíba, reelegendo-se em 2014, tendo concluído o mandato em 31 de dezembro de 2018.
Foi na sua gestão à frente da administração estadual que Coutinho deu passos concretos para se reaproximar do Partido dos Trabalhadores. Ele levou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff ao cariri paraibano para acompanharem a chegada das águas da transposição do rio São Francisco em território paraibano. Posteriormente, ficou solidário com Dilma Rousseff quando esta foi alvo de processo de impeachment, afinal consumado pela Câmara dos Deputados. No episódio da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou recolhido por 580 dias na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, Ricardo, como governador, visitou o ex-mandatário e hipotecou-lhe solidariedade, considerando injusta e arbitrária a sua prisão. No episódio da Operação Calvário, quando já estava fora do governo da Paraíba, Ricardo teve retribuição de solidariedade da parte do ex-presidente Lula da Silva, que, inclusive, estranhou a sua detenção por um dia.
Com o início do Guia Eleitoral no rádio e na televisão, o deputado estadual Anísio Maia se apresenta formalmente como o candidato do Partido dos Trabalhadores, enfatiza as lutas que empreendeu dentro do partido, como filiado e ocupante de mandatos e ataca o governo do presidente Jair Bolsonaro, que, na sua opinião, não atende às demandas populares mais urgentes. Tanto ele quanto Giucélia Figueiredo e os expoentes do PCdoB estão confiantes em que a chapa será mantida pela Justiça. Nas eleições de 2018 Anísio Maia ficou na suplência como deputado estadual, tendo sido efetivado na titularidade este ano com a morte do deputado Genival Matias, do Avante, no litoral de Pernambuco.