Nonato Guedes
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores, estão ausentes da campanha eleitoral deste ano na Paraíba para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, apesar da sua influência como cabos eleitorais de postulantes nas diferentes localidades. Bolsonaro e Lula nem vieram ao Estado para participar de eventos de campanha nem gravaram mensagens com pedidos de voto ou recomendação de nomes de aliados, tanto em João Pessoa, a Capital, como em Campina Grande, a segunda cidade.
Bolsonaro visitou a Paraíba em duas oportunidades desde a deflagração do período eleitoral – numa delas, foi a Coremas, no Sertão, para a inauguração de um empreendimento da iniciativa privada com aporte de recursos do governo. Apesar da presença de políticos orbitando em torno do palanque, não fez referência à campanha eleitoral, mantendo a palavra empenhada de não se envolver na disputa nos municípios e Capitais, sob a alegação de que há confrontos entre aliados políticos seus. Em Campina Grande, ele fez uma pausa para reabastecimento da aeronave oficial, cujo roteiro previa ida a Pernambuco para entrega de benefícios ao povo. Foi em Pernambuco que Bolsonaro, em contato com apoiadores, deu declaração política-eleitoral, dizendo confiar no voto popular para a escolha de bons candidatos, de índole cristã e formação patriótica.
O ex-presidente Lula, embora tenha cogitado vir à Paraíba prestigiar palanques de candidaturas próprias do PT ou de candidatos apoiados pelo seu partido, recuou nesse propósito depois da polêmica envolvendo a direção nacional petista e o diretório municipal de João Pessoa. Este indicou a candidatura própria do deputado Anísio Maia a prefeito, tendo como vice Percival Henriques, do PCdoB. A cúpula nacional praticamente decretou “intervenção” no diretório municipal e determinou o apoio à candidatura de Ricardo Coutinho (PSB), tendo como vice o petista Antônio Barbosa. A questão foi judicializada e Anísio Maia conseguiu, até agora, manter a chapa com Percival e o espaço no Guia Eleitoral. Mas os dirigentes nacionais insistem em derrubar a ata da convenção que homologou a chapa e assegurar o apoio a Ricardo, tido como aliado fiel do petismo e político de linha de frente do combate ao bolsonarismo no Estado.
Em Campina Grande, na passagem-relâmpago em direção a Pernambuco, Bolsonaro percebeu o assédio de candidatos a prefeito no aeroporto Castro Pinto interessados em serem fotografados ao seu lado para utilização no Guia Eleitoral. Ele foi visto com o candidato Bruno Cunha Lima, do PSD, apoiado pelo prefeito Romero Rodrigues e pela senadora Daniella Ribeiro, do PP, mas não houve manifestação pública do presidente sobre apoio a nomes. Deputados federais paraibanos da base bolsonarista acreditam que o presidente está se reservando para marcar presença na campanha no segundo turno. Em João Pessoa, o deputado estadual Wallber Virgolino, do Patriotas, é o candidato que mais ostensivamente se diz identificado com Bolsonaro, com suas ideias e com as realizações do seu governo.