Nonato Guedes
Desde a convenção do diretório municipal do PT em João Pessoa que homologou a sua candidatura a prefeito nas eleições deste ano, em coligação com o PCdoB, o deputado estadual Anísio Maia tem enfrentado uma “via crúcis” face à oposição da cúpula nacional do Partido dos Trabalhadores à sua postulação. A direção nacional, através da presidente Gleisi Hoffmann, tem acionado instâncias da Justiça Eleitoral no Tribunal Regional da Paraíba e no Tribunal Superior em Brasília para anular a chapa encabeçada por Anísio, tendo como vice Percival Henriques, do PCdoB. O objetivo final é assegurar o apoio do PT à candidatura do ex-governador Ricardo Coutinho, pelo PSB.
Gleisi já qualificou a candidatura de Anísio como “laranja”, supostamente a serviço do esquema do governador João Azevêdo (Cidadania), que rompeu com Ricardo e deixou os quadros do PSB. Azevêdo apoia oficialmente na disputa em João Pessoa o candidato Cícero Lucena, do PP, tendo o Cidadania indicado Leo Bezerra como candidato a vice. Além de tratar como “laranja” a pretensão de Anísio, Gleisi tem dito que o ex-governador Ricardo Coutinho é quem lidera com mais credenciais e firmeza o combate ao governo do presidente Jair Bolsonaro, uma das principais bandeiras do Partido dos Trabalhadores na eleição municipal em todo o país. Acumulando derrotas em série na esfera judicial, a cúpula nacional petista teve ultimamente rejeitados dois recursos apresentados pelo partido no TSE. Os dirigentes, contudo, sustentam a confiança de que, no mérito, a Corte reexamine a decisão e referende a aliança com o PSB paraibano.
A direção nacional petista tem argumentado que as decisões judiciais desfavoráveis tomadas quanto ao pleito pela coligação do partido com o PSB constituem intromissão indevida e ilegal na vida dos partidos e é assim que tem procurado sensibilizar figuras exponenciais da Justiça Eleitoral. O grande problema cometido pela cúpula nacional, segundo os partidários de Anísio, está no fato de que apesar da intervenção nacional no diretório pessoense a instância superior não impugnou, no tempo próprio, a chapa de Anísio Maia. Foi em virtude desse deslize ou omissão que o Juízo da Sexagésima Quarta Zona Eleitoral de João Pessoa manifestou-se pela legalidade da candidatura de Anísio, chegando a indeferir a pré-candidatura do petista Antônio Barbosa como vice de Ricardo na chapa do PSB. Coutinho substituiu Barbosa, readmitindo a ecologista Paula Frassinetti como candidata a vice, mas observando que esta solução seria provisória.
O impasse adquiriu contornos graves quando foi formalizada a intervenção do diretório nacional do PT no diretório municipal de João Pessoa, com a nomeação de uma Comissão interventora presidida por Cícero Gregório e destituição de Giucélia Figueiredo, que tem se mantido solidária ainda hoje com a candidatura de Anísio Maia e considerou um ato de violência a ação da direção nacional. O deputado Anísio Maia, que foi efetivado na titularidade do mandato este ano com a morte do deputado Genival Matias, do qual era suplente, tem participado de eventos públicos de campanha e assinalado presença no Guia Eleitoral e nas inserções previstas em lei. O ambiente, porém, é extremamente conturbado e aliados de Anísio, “em off”, admitem que todo o “imbróglio” tem afetado o crescimento da postulação, que na primeira pesquisa do Ibope/TV Cabo Branco pontuou com 1% nas intenções de voto. Anísio, pessoalmente, tem se considerado vítima de um “processo injustificável”, invocando a lealdade que sempre demonstrou ao Partido dos Trabalhadores. Também insiste em que sua indicação foi aprovada por unanimidade pelos convencionais do diretório municipal de João Pessoa.