Nonato Guedes
Governadores de vários Estados – inclusive o da Paraíba, João Azevêdo, do Cidadania – reagiram com estranheza à afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que não vai comprar a vacina chinesa contra a Covid-19, que ainda se encontra em fase de testes. Em discurso no Senado, o governador de São Paulo, João Doria, do PSDB, rebateu declarações do presidente e pediu a ele “grandeza para liderar o País para a saúde”. O tucano pediu ainda que o presidente respeite seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sublinhando: “Não é razoável que um presidente não respeite seu ministro da Saúde”.
– A vacina do Butantã é a vacina do Brasil, de todos os brasileiros – enfatizou Doria. O medicamento, em fase de testes contra a covid-19, é desenvolvido pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, do governo paulista. Após o ministro Eduardo Pazuello anunciar na terça-feira a intenção de aquisição de 46 milhões de doses do imunizante, Bolsonaro publicou nesta quarta nas redes sociais que não iria comprar a “vacina chinesa”. E explicou: “Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.
Doria fez um discurso no Senado, acompanhado de alguns parlamentares, inclusive o deputado General Peternelli (PSL-SP), da base do governo federal. Antes das declarações, o grupo fez fotos com amostras da vacina Coronavac nas mãos. O diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas, acompanhou a coletiva. Nesta quarta-feira, Doria está em Brasília para uma série de compromissos que envolvem discussões sobre a Coronavac. Doria tinha uma reunião às 10h com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas, segundo a assessoria do governador, o encontro foi cancelado. A assessoria de Doria informou que recebeu a versão de que Maia estava indisposto e teria cancelado a agenda do dia. “O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou que a vacina do Butantã e outras aprovadas dentro do protocolo da Anvisa seriam adquiridas”, disse Doria.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, foi veemente ao criticar o comportamento do presidente Bolsonaro, notando que ele reproduz a postura de negação da epidemia do coronavírus que tem adotado desde a eclosão da doença. Já o governador João Doria advertiu que a guerra “não é eleitoral, é contra a pandemia”. E conceituou: “Não podemos ficar uns contra os outros. Vamos trabalhar unidos para vencer o vírus, e salvar os brasileiros.