Nonato Guedes
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), informou em nota divulgada ontem que não cogita demitir o secretário de Educação do município, Rodolfo Gaudêncio, que foi denunciado pelo Ministério Público Federal juntamente com três ex-secretários e mais 18 pessoas, no âmbito da Operação Famintos, que apura denúncias de fraudes em licitações, crimes de peculato, formação de quadrilha e outras irregularidades. A assessoria do prefeito deixou claro que aguarda desdobramentos mais concretos das acusações e que ele não agirá sem respeitar o princípio da “presunção de inocência”. Rodolfo Gaudêncio era assessor jurídico da Pasta quando da alegada ocorrência de atos abusivos. A prefeitura de Campina declarou que desde o início da investigação tem cooperado com as autoridades e dá pleno apoio ao funcionamento das instituições, justificando que o município é o maior interessado no esclarecimento dos fatos.
Ante a iminente exploração eleitoreira do episódio, o ex-deputado Bruno Cunha Lima, candidato do esquema de Romero à sua sucessão no pleito de 15 de novembro, externou seu apoio às apurações e disse que é favorável à punição de eventuais culpados, uma vez assegurado o amplo direito de defesa. A denúncia do MPF foi apresentada ontem depois de mais de um ano de investigação desde a deflagração da primeira fase da Operação Famintos. O alvo é o núcleo de servidores e ex-gestores da Educação de Campina Grande e a denúncia é firmada pela procuradora da República Acácia Soares Suassuna, que informou ter se baseado em constatações documentadas. Foram denunciados o ex-secretário de Administração Paulo Roberto Diniz, as ex-secretárias de Educação, Iolanda Barbosa e Verônica Bezerra, o atual secretário Rodolfo Gaudêncio, a ex-pregoeira oficial do município Gabriella Coutinho, o ex-chefe de licitações da prefeitura, Helder Giuseppe, a ex-diretora administrativa da Educação, Maria do Socorro Menezes de Melo, além de outros dez servidores da prefeitura e cinco empresários.
O MPF aponta licitações supostamente fraudadas com provável envolvimento dos indiciados e, em um dos trechos, considera o ex-secretário de Administração Paulo Roberto Diniz como sendo o chefe do suposto “esquema” no núcleo político. Indicou o MPF que a maior parte dos denunciados teria cometido crimes como peculato, fraudes em licitações e formação de organização criminosa. Todavia, alguns, como no caso de gestores escolares e empresários envolvidos no suposto “esquema”, foram enquadrados em crimes de corrupção passiva e ativa. Advogados de ex-secretários como Paulo Roberto Diniz e Iolanda Barbosa alegaram inocência dos constituintes, assegurando que isto será provado na Justiça. O secretário Roberto Gaudêncio informou que sempre colaborou com as investigações, que respeita a Justiça e que provará ser inocente.