Nonato Guedes
Uma reportagem da “Veja” edição recente aponta o renascimento do Democratas, com candidatos favoritos a prefeito em quatro capitais, além de figurar na dianteira dos aliados MDB e PSDB em coalizão para o pleito de 2022. A estimativa de vantagem de candidaturas do DEM não inclui João Pessoa, onde o partido, presidido pelo ex-senador Efraim Morais, que é secretário do governo João Azevêdo, lançou o nome do ex-vereador e ex-deputado Raoni Mendes, dentro do projeto de retomada do protagonismo político. Raoni tem tido boa performance no Guia Eleitoral e em debates, mas não avançou substancialmente em percentuais de intenção de voto. Na segunda pesquisa Ibope-TV Cabo Branco, ele girou em torno de 3% se levada em conta a margem de erro fixada na metodologia. Concretamente, ficou com 1%.
Sucedâneo do PFL, que chegou a eleger 105 deputados em 1998, quando integrava o primeiro escalão do governo Fernando Henrique Cardoso, o DEM na Paraíba optou por lançar candidaturas próprias em algumas cidades importantes além da Capital e acredita ter chances em Cabedelo, onde o prefeito Vítor Hugo é candidato à reeleição, e em Santa Luzia, onde o ex-prefeito Ademir Morais volta a concorrer contra o atual prefeito Zezé. Tido como um dos mentores da “virada” do DEM em busca de espaços de protagonismo, o presidente nacional ACM Neto, prefeito de Salvador, impulsiona a candidatura do seu vice, Bruno Reis, que já figurou com 42% das previsões de voto, segundo o Ibope e aposta fichas na vitória em primeiro turno.
A sigla tem chances de vitória em Curitiba, com Rafael Greca, e Florianópolis, com Gean Loureiro – ambos candidatos à reeleição. Uma das prefeituras mais cobiçadas, porém, é a do Rio de Janeiro, onde o ex-prefeito Eduardo Paes lidera a corrida, podendo destronar o prefeito Marcelo Crivella, do Republicanos. No Recife, o ex-ministro Mendonça Filho procura manter o equilíbrio com João Campos, do PSB, que por sua vez tem Marília Arraes, do PT, nos calcanhares. Caciques do Democratas repetem que a provável boa performance do partido nas eleições 2020, se confirmada, terá sido resultado da capacidade do partido de se reinventar. Entre democratas, o consenso é o de que a agremiação experimenta bom momento no cenário de poder nacional, tendo eleito governadores em 2018 em Goiás e Mato Grosso, além de ascender à presidência do Senado com Davi Alcolumbre (AP) e controlar a presidência da Câmara com Rodrigo Maia (RJ).
Há expoentes do Democratas ocupando ministérios no governo do presidente Jair Bolsonaro. O deputado federal paraibano Efraim Filho, que percorre municípios do interior para fortalecer candidaturas do partido no Estado, ressalta a estratégia posta em prática por ACM Neto focada na atração de lideranças regionais de outras siglas. Greca, por exemplo, era do PMN, Paes e Loureiro do MDB e o ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse, é oriundo do PHS. Com isso, o DEM passou a governar três Estados, três capitais e saltou de 22 022 candidatos em 2016 para 32 914 em 2020. Ronaldo Caiado, governador de Goiás, é otimista: “O partido passou a ter relevância maior no universo político”. A expectativa é de que resultados favoráveis de 2020 fortaleçam o partido para as eleições de 2022, com espaços, inclusive, no cenário à Presidência da República.