Nonato Guedes
Na próxima quarta-feira, dia 28, completará oito anos a primeira eleição de Luciano Cartaxo Pires de Sá a prefeito de João Pessoa, pelo PT. Ele vitoriou em segundo turno, derrotando Cícero Lucena, do PSDB, tendo como vice Nonato Bandeira (então PPS, atual secretário de Comunicação do governo João Azevêdo). Foi a primeira vez que o Partido dos Trabalhadores conquistou a prefeitura da Capital paraibana, depois de ter “quase batido na trave” em 1992, quando o deputado estadual Chico Lopes disputou o segundo turno contra Chico Franca, do PDT, apoiado pelo esquema braguista, que tinha como líderes o ex-governador Wilson Braga e sua mulher, a ex-deputada Lúcia Braga, ambos falecidos este ano.
Na campanha de 2012, Luciano Cartaxo, que era deputado estadual, contou com reforço do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prestigiou um comício em João Pessoa, e com o apoio decisivo do então prefeito da Capital, o arquiteto Luciano Agra (sem partido), que foi preterido por Ricardo Coutinho dentro do PSB, deixou o partido e anunciou alinhamento com seu homônimo do PT. Agra foi vice de Ricardo quando este disputou a reeleição em 2008 e ascendeu à titularidade com a renúncia de Coutinho para concorrer, e ganhar, o governo do Estado em 2010. A pretensão do arquiteto de ser ungido candidato pelo PSB à prefeitura em 2012 foi barrada por Ricardo, que preferiu optar pelo nome da jornalista Estelizabel Bezerra, derrotada em primeiro turno. O adversário de Cartaxo no segundo turno já havia sido prefeito de João Pessoa por duas vezes e este ano volta ao páreo, desta feita pelo PP, estando em primeiro lugar na pesquisa do Ibope-TV Cabo Branco, com 21% das intenções de voto. Cartaxo apoia à sua sucessão a ex-secretária Edilma Freire, da Educação, que concorre pelo PV, na sua primeira incursão pela militância política. Edilma pulou para 9% na última pesquisa do Ibope divulgada esta semana. Tem como vice a arquiteta Mariana Feliciano, filha da vice-governadora Lígia Feliciano e do deputado federal Damião Feliciano, ambos do PDT.
Cartaxo contrariou projeções de analistas políticos na disputa de 2020 e não se alinhou nem ao esquema do governador João Azevêdo, que apoia Cícero Lucena, nem á liderança do ex-governador Ricardo Coutinho, que se lançou novamente candidato, tendo como vice a ecologista Paula Frassinetti. Edilma faz campanha expondo ideias próprias mas dando ênfase às ações que empreendeu na gestão de Luciano Cartaxo como titular da Educação. Tem dito que se considera preparada para administrar a Capital no período pós-pandemia do coronavírus e que tentará ampliar na Saúde Pública a “revolução” que diz ter imprimido na Educação. Em 2016, Luciano Cartaxo foi reeleito à prefeiturajá em primeiro turno, derrotando, entre os principais adversários, Cida Ramos, apoiada pelo então governador Ricardo Coutinho e que, atualmente, é deputada estadual.
Na campanha de 2012, Luciano Cartaxo não largou como favorito e só ganhou musculatura na metade da corrida em primeiro turno. Ele havia sido vereador em João Pessoa e candidato a vice-governador do Estado em 2006 na chapa encabeçada por José Maranhão (PMDB), derrotada por Cássio Cunha Lima (PSDB). Em 2009, o Tribunal Superior Eleitoral deu provimento a recursos contra Cássio e seu vice José Lacerda Neto (DEM), inquinados de suposta conduta vedada e improbidade administrativa. A chapa foi cassada, determinando-se a investidura de Maranhão e Luciano como segundos colocados, o que foi feito. Mas em 2010, preterido no próprio PT por Maranhão, que escolheu Rodrigo Soares para seu vice na campanha à reeleição, Cartaxo candidatou-se à Assembleia Legislativa e foi eleito, passando a atuar para sair candidato a prefeito.
O pleito de 2012 contou, ainda, com a participação do ex-governador José Maranhão, de Lourdes Sarmento, pelo PCO, e Antônio Radical, pelo PSTU, além de Cícero Lucena e Estelizabel Bezerra. O primeiro turno foi realizado em sete de outubro e o segundo turno foi travado a 28 do mesmo mês, conforme calendário da Justiça Eleitoral. O futuro político de Luciano, passados oito anos de exercício do poder na prefeitura de João Pessoa, é indefinido. Em 2018, ele abriu mão de ser candidato a governador pelas oposições, indicando o irmão gêmeo Lucélio Cartaxo, que foi derrotado. Cartaxo é presidente do diretório estadual do PV, para onde migrou após passagem pelo PSD, vindo das hostes petistas, com quem rompeu.