Nonato Guedes, com agências
O padre José Gilmar Moreira, 46 anos, que passou três dias desaparecido na Litoral Sul da Paraíba e alegou ter sido vítima de sequestro, admitiu em novo e demorado depoimento à Polícia Civil que mentiu sobre o que realmente aconteceu. O padre disse que estava sofrendo extorsão, daí ter inventado toda a história apresentada até então, e que causou comoção na Paraíba, desencadeando correntes de orações e mobilização em tempo recorde de autoridades policiais, além de manifestações de solidariedade em redes sociais e de alívio quando ele foi localizado. Pela falsa comunicação de crime, o religioso será indiciado, conforme revelou o superintendente da Polícia Civil, delegado Luciano Soares.
A polícia encerrou o inquérito sobre o sequestro e agora investiga a suposta tentativa de extorsão, como informou o site UOL, dando repercussão nacional ao quiproquó. O superintendente disse que o padre prestou depoimento por quatro horas e admitiu que inventou a história porque estava sendo vítima de extorsão. Contou que não foi sequestrado, nem mantido amarrado dentro do mato durante os três dias em que ficou desaparecido. Pelo seu relato, ele estava sendo extorquido por pessoas desconhecidas e teria que pagar R$ 50 mil para que fatos da vida dele não fossem revelados. O superintendente inform0u que a polícia tem conhecimento sobre que fatos seriam esses mas não vai revelar para que as investigações não sejam comprometidas.
Ainda de acordo com Soares, o padre disse em depoimento que os autores da extorsão deram um prazo para que o pagamento fosse feito. Sem saber o que fazer ele decidiu forjar a história. Foi quando inventou que havia sido chamado para encomendar um corpo, mandou a mensagem para outro religioso pedindo ajuda e ficou por três dias no litoral sul. “O padre disse que quando chegou à praia, tentou tirar a vida se jogando no mar, mas as ondas o jogaram de volta para a areia por várias vezes. Em determinado momento, ele foi atirado sobre pedras. Como não conseguiu o que queria, entendeu aquilo como uma mensagem, uma ajuda de Deus e voltou para o carro, onde ficou orando por dois dias. Depois, decidiu caminhar e acabou encontrado”, resumiu o superintendente.
Soares acrescentou que o religioso, que atuava no bairro do Róger em João Pessoa e chegou à Paraíba procedente de São Paulo, simulou a história após ser confrontado pelos policiais, que identificaram contradições e fragilidade na primeira versão apresentada por ele. Dezesseis policiais civis foram mobilizados na tentativa de localizar o padre, considerando a primeira versão apresentada. “O que tínhamos da primeira investigação apontava para outras situações”, contou o superintendente. Um novo procedimento vai apurar essa nova versão apresentada por José Gilmar. Logo que o padre sumiu, uma forte campanha foi deflagrada nas redes sociais e na imprensa local para que ele fosse localizado. Quando o padre da Igreja de Santa Terezinha (Róger) foi encontrado, a Arquidiocese da Paraíba emitiu nota informando que o religioso estava bem acompanhado pelo setor jurídico e por pessoas próximas a ele para que tudo fosse esclarecido. Na nota, a Arquidiocese pediu respeito ao momento e informou que emitiria uma nova nota oficial. A Arquidiocese ainda não se posicionou sobre a reviravolta do caso.