A nona fase da Operação Calvário, deflagrada ontem e que investiga um esquema de desvio de recursos da saúde e educação na Paraíba, encontrou um aparelho celular escondido em um vaso de plantas durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de um dos investigados em João Pessoa. A cena, testemunhada por agentes da Polícia Federal e procuradores do Ministério Público Federal, provocou uma justificativa ainda mais inusitada – o alvo do mandado judicial afirmou que estava rezando perto do local. A TV Globo teve acesso às imagens do flagrante e o vídeo viralizou em redes sociais.
Na etapa deflagrada ontem, a PF e o MPF buscavam provas de crimes de lavagem de dinheiro que teriam sido praticados pelo conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba Arthur Paredes Cunha Lima e por pessoas ligadas a uma das organizações sociais que teriam recebido propina de fornecedores. Foi na casa de ex-assessores do conselheiro – Sérgio Ricardo de Ribeiro Gama e seu filho, Sérgio Ricardo de Ribeiro Gama Filho, ambos investigados, que os investigadores acharam o celular. O vídeo mostra o momento em que os investigadores começaram a vasculhar a planta. Na sequência, Gama Filho questiona se pode pegar. Ele é autorizado, mostra onde estava o celular e diz que não iria negar. Os agentes perguntam se há outras coisas escondidas. Ele diz que não e justifica dizendo que estava rezando no local.
De acordo com as investigações, Sérgio Ricardo Ribeiro Gama e Sérgio Ricardo Ribeiro Gama Filho ocuparam o cargo de chefe de gabinete de Arthur Cunha Lima no Tribunal de Contas da Paraíba. Os investigadores dizem ter reunido elementos que apontaram movimentações financeiras entre os investigados, o conselheiro e o filho dele, Arthur Cunha Lima Filho. A Operação Calvário cumpriu a nona fase de investigações, que se estenderam, também, por Sergipe. O repórter Laerte Cerqueira, da TV Cabo Branco, em João Pessoa, apareceu na Globonews, em destaque, dizendo que o conselheiro afastado Arthur Cunha Lima foi acusado de pedir propina para aprovar contas de uma organização social contratada pelo governo do socialista Ricardo Coutinho. A Justiça também bloqueou bens de empresas e investigados, entre eles o ex-governador Ricardo Coutinho, que é candidato a prefeito de João Pessoa nas atuais eleições. A ação de ontem foi autorizada por ministro do Superior Tribunal de Justiça.