Nonato Guedes
O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSD, em declarações a emissoras de rádio da Capital, reagiu às críticas feitas pelo secretário de Saúde do Estado, Geraldo Medeiros, que o acusou de desobedecer as medidas estabelecidas em decreto estadual de calamidade, assinado por causa da emergência do coronavírus pelo governador João Azevêdo e prorrogado pro mais 180 dias. O secretário criticou, também, a prefeitura de João Pessoa, comandada por Luciano Cartaxo (PV), pelas mesmas razões. “Não devo obediência ao governador, tenho consciência do que estou fazendo pela saúde da população e gostaria que o governo do Estado não atrapalhasse, mas, sim, colaborasse com o que estamos fazendo”, afirmou Romero Rodrigues, em tom enfático.
O pano de fundo da polêmica envolve a decisão das prefeituras das duas cidades de ampliar o funcionamento de transportes, comércio, serviços e aulas, quando, no entendimento do governo do Estado, a maior parte desses segmentos deveria permanecer fechada. De acordo com a avaliação liberada pelo Estado, João Pessoa e Campina Grande estão com bandeira amarela no Plano Novo Normal Paraíba. Geraldo Medeiros condenou a insistência das duas prefeituras em querer implementar métodos de “tentativa e erro”, ou seja, se o que for adotado não funcionar, retorna-se ao estágio anterior de flexibilização, o que, a seu ver, não tem fundamento científico. Medeiros igualmente critic0u outras metodologias adotadas pelas gestões para destacar indicadores de incidência de casos de coronavírus.
A prefeitura de João Pessoa se manifestou sobre o assunto, informando que os indicadores municipais são baseados em dados epidemiológicos e assistenciais, como a taxa de ocupação de leitos de UTI, taxa de óbitos, pressão nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e em novos casos. O secretário de Saúde do município, Adalberto Fulgêncio, enfatizou que esses indicadores estão sob absoluto controle e disse que de julho para cá ocorreram avanços com o plano de flexibilização, sem qualquer risco de retrocesso ou comprometimento da saúde da população. “Os indicadores de que dispomos dão segurança para mantermos nosso planejamento e darmos novos passos”, revelou Fulgêncio, descartando a ocorrência de aglomerações incontroláveis em eventos políticos que foram realizados nos últimos dias como parte da campanha eleitoral para prefeito e vereadores.
O secretário Adalberto Fulgêncio alertou que as autoridades estão atuando no sentido de conciliar as medidas preventivas e de enfrentamento ao coronavírus com o transcurso da campanha eleitoral, que faz parte do calendário do TSE e que é parte do processo democrático. “Tanto a preservação da vida como o respeito à democracia são fundamentais para o país. E, da nossa parte, temos sido extremamente cautelosos e rigorosos, quando necessários, na tomada de providências. Exemplo de resultado concreto dessas ações é o quadro de estabilidade, no geral, dos casos de Covid-19, bem como o percentual de pacientes contaminados que foram recuperados. Tudo está sendo feito com absoluta responsabilidade, desde o início da pandemia do coronavírus”, advertiu Adalberto Fulgêncio.